A RIDESA - Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético - é um grupo de pesquisa formado por pesquisadores e profissionais de dez Universidades Federais, que teve origem a partir do Planalsucar, órgão extinto pelo Governo Federal em 1990. A partir de então, a Rede deu continuidade às pesquisas para o desenvolvimento das variedades de cana-de-açúcar de sigla RB.
Em 2015, junto à celebração de seus 25 anos, a RIDESA liberou 16 novas variedades. Destas, quatro foram obtidas pelo Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar da Universidade Federal de São Carlos – PMGCA/UFSCar: RB975952, RB985476, RB975201 e RB975242. Essas variedades são frutos de mais de uma década de experimentação e pesquisa, conduzidas em diversas condições de solo e de clima no Estado de São Paulo, sempre mostrando competitividade em relação às variedades padrões. A seguir, uma breve descrição de cada uma delas:
RB975952 – possui maturação precoce, semelhante à RB855156, com colheita recomendada de abril a junho. É indicada para ambientes A, B e C. Apresenta boa brotação em colheita mecanizada e é resistente às principais doenças da cultura.
RB985476 – variedade indicada para ambientes A, B e C, com alta produtividade, riqueza em açúcar e excelente brotação de soqueiras. Possui maturação média, com colheita recomendada entre julho e setembro. Pode apresentar florescimento em anos indutivos, porém não apresenta isoporização. É resistente às principais doenças, em especial ao Carvão.
RB975201 – variedade de maturação média-tardia, para colheita de agosto a novembro. Recomenda-se que seja alocada em ambientes A, B e C. É uma variedade bastante eclética, que se destaca por sua alta produtividade agrícola, sanidade e ausência de florescimento. Pelo segundo ano consecutivo figurou entre as dez variedades mais plantadas nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, conforme Censo Varietal realizado pelo PMGCA/UFSCar.
RB975242 – possui maturação tardia, com colheita entre agosto e novembro. É uma variedade rústica, recomendada para ambientes C e D. Destaca-se por sua excelente sanidade, ausência de florescimento e isoporização, e boa brotação.
Essas quatro variedades vem apresentando aumento na intenção de plantio em diferentes regiões do Estado de São Paulo e também no Mato Grosso do Sul, segundo os dados do Censo Varietal 2017 do PMGCA/UFSCar. Além delas, outras duas variedades têm despertado interesse nas unidades produtoras desses dois Estados: a RB988082, liberada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), e a RB036088, liberada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A partir da recomendação da equipe do PMGCA/UFV, a RB988082 é uma variedade indicada para ambientes A, B e C, não devendo ser alocada nos ambientes restritivos da RB867515. Sugere-se colheita em meio de safra, manejada com inibidor de florescimento. Apresenta elevada produtividade e ótima brotação em colheita mecanizada. É resistente às principais doenças.
Segundo a equipe do PMGCA/UFPR, a RB036088 possui maturação tardia, com colheita entre setembro e novembro, manejada com inibidor de florescimento. Quando manejada com a aplicação de maturadores, pode ser colhida no meio de safra, entre os meses de julho e agosto. Recomendada para ambientes A, B e C. Destaca-se pela elevada produtividade de açúcar ao longo das safras e longevidade das soqueiras, com hábito de crescimento ereto e ausência de tombamento. Apresenta resistência às principais doenças. Tem apresentado rápido aumento nas áreas de plantio, devido ao excelente comportamento em plantio e colheita mecanizada.
Em 2018, o PMGCA/UFSCar deverá lançar mais quatro variedades, que atualmente se encontram em fase final de validação. Uma delas, a RB005983, vem mostrando grande potencial em início de safra e também como cana-de-ano. Outra opção será a RB015935, que apresenta boa produtividade, sanidade, ausência de florescimento e isoporização, e possui ciclo de maturação precoce-médio. Para meio e final de safra, mais duas variedades: a RB975375, que é muito rica em açúcar, possui excelente brotação e alto perfilhamento; e a RB005014, que possui elevada produtividade, ótimo perfilhamento e excelente sanidade.
*O professor e pesquisador Hermann P. Hoffmann, da UFSCar, é o coordenador geral da RIDESA.