O aumento da produção e do consumo de etanol no Brasil – por Dilceu Sperafico

O aumento da produção e do consumo de etanol no Brasil – por Dilceu Sperafico

A produção e comercialização de etanol vêm sendo beneficiadas por diversos fatores, que vão da elevação dos preços de combustíveis fósseis, como a gasolina, até a necessidade de adoção de energias renováveis, como estratégia para deter o aquecimento global.

Com esse quadro favorável, a produção do etanol cresceu 49% nas usinas do Centro Sul do país na safra 2018/2019, na comparação com a 2017/2018.

Com preços mais atraentes que os do açúcar, a produção de etanol hidratado, utilizado em veículos chamados “flex”, cresceu muito, beneficiando o setor industrial, os proprietários dos carros movidos pelo combustível e o próprio meio ambiente.

A evolução da produção nacional de etanol consta de relatório da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul, divulgado no final de outubro último, pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Conforme o levantamento, desde o começo da safra, no mês de abril último, até meados de outubro, a produção de etanol, incluindo o anidro, misturado à gasolina antes da comercialização, atingiu 25,86 bilhões de litros nessa etapa da safra 2018/2019.

Desse total, 17,87 bilhões de litros foram de etanol hidratado, com crescimento em relação à safra 2017/18. A maioria das usinas do Centro-Sul conta com plantas industriais equipadas para fabricar etanol e açúcar ao mesmo tempo, mas a definição de percentual de cana destinado a cada produto,depende sempre do mercado e do cenário econômico nacional e internacional. Como o etanol tem sido mais rentável que o açúcar nesta safra, as empresas decidiram apostar na produção do combustível renovável, com mercado crescente no país e no mundo.

Como conseqüência disso, a produção de açúcar alcançou 23,39 milhões de toneladas nesta safra, quando no mesmo período da safra 2017/2018 havia atingido 31,33 milhões de toneladas, com queda de 25%.

Além disso, também contribui para a redução da produção açucareira, o fato de 17 usinas do Centro-Sul terem suspenso a atividade. Com isso, enquanto na safra anterior as usinas voltadas exclusivamente à produção de etanol representavam 14,43% do total de cana industrializada, nesta safra passaram a responder por 19% do total da matéria-prima beneficiada.

Na safra 2018/2019, até outubro último, haviam sido processadas 483,56 milhões de toneladas de cana, volume 3,54% menor que 501,3 milhões de toneladas industrializadas no mesmo período da safra passada.

A redução do processo de industrialização da cana se deveu à estiagem que atingiu a cultura e poderia se acentuar ainda mais, até muitas das usinas encerrarem o processo de moagem desta safra.

A projeção da Unica era em outubro de safra de cerca de 560 milhões de toneladas de cana, o que significaria queda de 6,04% em relação às 596 milhões de toneladas estimadas no início do período.

A perda de 36 milhões de toneladas equivale praticamente à produção de todo o Paraná na safra 2017/2018, que foi a 5ª maior do país, totalizando 37 milhões de toneladas.

O maior produtor de cana do Brasil é o Estado de São Paulo, com 357,1 milhões de toneladas na última safra. Até outubro último, 15 usinas do Centro-Sul haviam concluído a safra 2018/2019, registrando a queda média de 15,5% no total de cana moída por cada unidade.

Como a demanda deve crescer ainda mais em 2019, a esperança está na expansão da safra de cana, com a manutenção de clima favorável nas regiões produtoras.


Dilceu Sperafico é deputado federal pelo Paraná licenciado e chefe da Casa Civil do Governo do Estado dep.sperafico@uol.com.br