O Brasil está preparado para a agricultura dos próximos anos? - Por Mauro Zafalon

O Brasil está preparado para a agricultura dos próximos anos? - Por Mauro Zafalon

O Brasil está preparado para a agricultura dos próximos anos? - Por Mauro Zafalon

 

Assunto ignorado por presidenciáveis, a agropecuária não tem um plano de longo prazo

 

O país está em período de eleições, mas não vê propostas econômicas de candidatos e, muito menos, programas específicos para o agronegócio, que tem movimentado boa parte da economia.

Será que o "celeiro" do mundo chamado Brasil continuará nos próximos anos com competitividade suficiente para enfrentar seus principais parceiros? Além de planos, a agropecuária necessita de avaliações certas.

 

.Nesta quarta-feira (31), a União Europeia começou a aprovar o seu pacote de planos estratégicos da PAC (Política Agrícola Comum) para o bloco. Sete países já têm as diretrizes a serem seguidas. Cada um com suas especificidades, mas dentro de uma visão geral do bloco.

 

Da Califórnia vêm outras preocupações nesta semana. O estado quer uma mudança radical nas vendas de carros novos de passageiros, que deverão ser movimentados com uma nova base de energia.

 

Isso pode redefinir as vendas de produtos agrícolas, inclusive as de milho, cereal essencial na produção de etanol nos Estados Unidos.

 

A Califórnia tem grande poder de influência nos demais estados dos Estados Unidos, quando se trata de definições de regras para a eliminação de poluentes. De 15 a 17 estados seguiriam as regras californianas.

 

As ações tomadas pela Europa, em geral, impõem novas exigências para o produto brasileiro. Já a evolução da demanda por produtos agropecuários em outras regiões também deve ser analisada e levada em conta por qualquer política agrícola.

 

Tudo que for decidido pelos europeus, em termos de política para o setor, ou pelos americanos, em possível alteração de demanda, vai afetar os brasileiros.

 

De volta à Europa. Os dirigentes europeus dizem que a agricultura é um negócio de longo prazo, e que os agricultores precisam de ter um quadro jurídico e financeiro claro para o futuro nos países do bloco.

 

Daí o novo plano agrícola, que começa em 2023 e tem durabilidade de cinco anos. Os objetivos são os de permitir à agropecuária uma fase sustentável, de resiliência e de modernidade.

 

Financiamentos não faltam. Para os sete primeiros planos já aprovados —faltam 21— estarão disponíveis 120 bilhões de euros (R$ 627 bilhões). Deste valor, 34 bilhões de euros (R$ 178 bilhões) têm objetivos ambientais, climáticos e ecológicos.

 

Os fundos de desenvolvimento vão visar as atividades rurais locais. Só os programas voltados para jovens agricultores terão 3 bilhões de euros (R$ 16 bilhões).

 

As metas básicas para todos os países do bloco são os dez principais objetivos da PAC. Entre eles, a garantia de um rendimento justo para os agricultores; o aumento da competitividade; a melhora na atuação do produtor com relação às ações de mudança climática, além de cuidados ambientais, preservação da paisagem e biodiversidade.

 

Os financiamentos da Comissão Europeia serão destinados também para a busca de inovação e de maior conhecimento na atividade, para apoio à transição familiar e proteção da qualidade dos alimentos e da saúde dos produtores.

Durante o período de 2023 a 2027, a Política Agrícola Comum da União Europeia terá 270 bilhões de euros.

 

*Mauro Zafalon é formado em Ciências Sociais e Jornalismo, com MBA em Derivativos na FIA-USP. Na Folha há mais de 20 anos, edita a coluna "Vaivém das Commodities", sobre agronegócio brasileiro e internacional.

 

 

Folha de S. Paulo

 

 

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