Não existe nada mais frustrante para mim do que perder a oportunidade de um cavalo sangue puro, selado e brilhando na minha frente! São tantas as oportunidades que aparecem durante as nossas vidas mas reconheço que nem todas podemos aproveitar. Não me preocupo muito com aquelas que não identifiquei no momento certo. Não sou um "cara" do tipo "trader" ou ávido por uma permanente sucessão de ganhos e vitórias de toda sorte. Vivo entretanto a minha vida com objetivos e alguns ideais. Para uns que vivem a vida com adrenalina máxima, seriam sonhos monótonos ou teimosia infrutífera. Porém eu já tenho uma razoável experiência de sucessos e derrotas, tanto na vida pessoal quanto profissional. O que aprendi sobre as oportunidades, isto é, sobre esses cavalos selados, é que se você não cavalgá-los, alimentá-los, conhecê-los e amá-los, eles não representarão nada para mim.
Nesse momento de crise desproporcional, já fiz referencia ao meu artigo de 8 de fevereiro passado me mostrando mais otimista do que nunca com nosso Brasil. E nesse pensamento já identifico uma série de oportunidades para mim e para os brasileiros. Vejo claramente um momento de verdade e chamamento para uma nova etapa. Poderemos cair do cavalo? Sim. Mas cada um de nós deveria identificar a sua oportunidade.
Dito isso, gostaria de abrir os olhos de todos para a grande chance que temos na nossa combalida estrutura legal trabalhista e seu peso que impede de fato a multiplicação de empregos, empreendedorismo e alocação correta de capital. Os argumentos, e eu sigo fielmente o que já foi exposto inúmeras vezes por economistas livres das idéias progressistas, são corroborados pela nossa baixa poupança e inexistente capacidade de investimentos. Existem outros fatores para isso além da nossa estrutura legal trabalhista. O ponto aqui de destaque é a oportunidade, o cavalo selado e o que será necessário para retomarmos nosso crescimento de forma minimamente aceitável.
Quais as medidas que estão sendo tomadas nas economias globais nesse momento? Países com elevada capacidade de expansão de suas bases monetárias estão fazendo mais dívidas enquanto outros estão, como nós, comprometendo sua saúde econômica por pelo menos mais alguns anos. Qualquer estímulo do nosso Banco Central significa mais deficit e impossibilidade de equilíbrio nas contas públicas. Não há espaço mas a maioria dirá que não há nada mais importante do que salvar vidas e empregos. Sabemos os impactos da expansão monetária pretendida? Será ela um cheque especial adicional sem limite e até quando? Abandonaremos definitivamente o conceito de equilíbrio fiscal e nos exporemos ao risco de uma nova era inflacionária?
Gostaria de deixar aqui desde já a minha opinião de que não salvaremos empregos através dessas medidas e que apoio apenas recursos extraordinários para manutenção da logística nacional (hospitais, polícias, energia, transportes, comunicações, forças armadas, serviços públicos essenciais, e algumas outras "cositas"). Isso seria um investimento para concentrar forças, manter o país e sua população a salvo e prepará-la para uma etapa após a crise de saúde se tornar controlável.
Na contra-mão, temos já nesse momento o capital de giro, individual e empresarial, sendo exaurido. Pessoas correrão e entrarão em pânico vendo suas reservas econômicas acabarem. Demissões crescendo em ritmo acelerado adicionando números importantes a uma população já sem emprego, sub-empregados sem proteção agora efetivamente sem nenhuma atividade, populações carentes nas grandes cidades do país criando situações de descontrole na ordem pública, exposição em todos os níveis da ineficiência da gestão de municípios e estados, o desmascaramento de instituições viciadas da república (desnecessário elencar), revoltas, motins, violência e outras "cositas" novamente.
É muito natural que sem as marcas profundas de amadurecimento social passado, nosso Brasil fique perplexo. "Mas a experiência mostra que com a flecha não se pode acertar dois alvos ao mesmo tempo. Se a mente divaga, você não acerta o coração do inimigo. Mente e flecha têm de ser uma só. Apenas com muita concentração mental e física a sua flecha acertará o alvo bem no coração" - Joost Elfeers.
Essas imagens do cavalo-selado e da flecha mostram um pouco como penso. Preciso me aproximar do cavalo com cautela e laça-lo no momento exato. Se for muito precipitado posso deixá-lo escapar. Essa atitude de mente e flecha é o que deve estar na cabeça dos nossos líderes nesse momento. Não se deve culpá-los ou julgá-los antecipadamente. Podemos fazer barulho demais e atrapalhar a concentração do arqueiro.
Com essa impossibilidade de salvar todas as vidas e todos os empregos ao mesmo tempo, nosso arqueiro deve olhar atentamente para esse cavalo selado.
Do que adianta dezenas de bilhões de reais como se fosse uma flecha capaz de eliminar nossos problemas de saúde e econômicos sabendo que logo após teremos de qualquer forma, repetindo, de qualquer forma, uma economia em frangalhos e incapaz de se levantar durante anos?
Como primeira medida agressiva nesse momento de oportunidade clara, nosso Ministro Paulo Guedes deveria expor a realidade à nação e anunciar o fim de TODOS os encargos trabalhistas sobre a folha de pagamento e como origem de recursos para manter PARTE dos benefícios, a criação do imposto sobre movimentação financeira e completa eliminação de todos os demais impostos federais (exatamente como proposto pelo ministro em 2019).
Esse é o cavalo selado do nosso Presidente Jair Bolsonaro. Nunca teremos melhor oportunidade e sem eliminar nossos encargos sobre a folha de pagamentos, jamais retornaremos nosso crescimento. Boa montaria e boa pontaria Presidente!
Tenho dito!
Silvio Ricardo Taboas é CFO / CEO (Automotivo, Agronegócio, Meio Ambiente, Logística, Cimento, Capital e Fundos, Start-ups, Turnarounds e mais