O financiamento para o agronegócio com metas ESG - Por Jacyr Costa Filho

O financiamento para o agronegócio com metas ESG - Por Jacyr Costa Filho

Na produção agroindustrial, linhas de financiamento destinadas às melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) vêm ganhando força no ambiente de negócios. A relevância da questão do ESG no agronegócio e nas instituições financeiras volta-se, sobretudo, para que a sustentabilidade promovida pelos agricultores seja reconhecida na concessão de crédito.

Em reunião do COSAG -- Conselho Superior do Agronegócio da FIESP, realizada na primeira quinzena de agosto, o representante do Banco Central do Brasil, Ricardo Harris, e o vice-presidente de Atacado da Caixa Econômica Federal, Celso Leonardo, detalharam a atuação das duas instituições na agenda da produção sustentável com critérios ESG.

Observemos, por exemplo, a recente criação de um Bureau de Crédito Rural Verde pelo Banco Central. O objetivo é contribuir para mitigação de riscos financeiros e ampliar o financiamento de acordo com parâmetros de sustentabilidade na produção. Nas palavras de Harris, além de aprimorar os processos de crédito rural, o Bureau funcionará como uma segunda linha de defesa, facilitando o cumprimento, pelas instituições financeiras, de exigências legais já em vigor.

O Bureau disponibilizará dados a respeito do tipo de cultura agrícola realizada em determinada propriedade, técnicas de cultivo e até coordenadas geodésicas da lavoura que está sendo financiada. Será, ainda, um canal que ajudará na disseminação dos títulos verdes no País. Este mercado de dívida sustentável vem crescendo exponencialmente, exercendo importante papel no financiamento da atividade agroindustrial.

A Caixa Econômica, por sua vez, está proporcionando novos créditos alinhados com os preceitos da governança e práticas sustentáveis. O investimento no agro brasileiro, convergente com padrões ESG, aumenta consideravelmente a sua eficiência e reduz custo. Isso é ainda mais presente no País, reconhecido mundialmente como potência ambiental e agrícola.

Contribuem para este cenário positivo e com ele se relacionam estreitamente as cooperativas com uma governança mais estruturada e com maior capilaridade, aproveitando melhor os resíduos antes descartados. Isso se verifica, já há algum tempo, no uso do bagaço e da palha de cana-de-açúcar para a geração de bioeletricidade e na produção de biogás a partir de subprodutos agroindustriais.

A criação de um Bureau de Crédito Rural Verde e a participação mais ativa da Caixa Econômica no financiamento aos produtores são fundamentais para o desenvolvimento de um agronegócio mais integrado com a defesa do meio ambiente em parceria com a sociedade civil.

A questão central do ESG foca-se na minimização dos riscos climáticos que afetam seriamente o planeta. O principal alerta para este ponto na agenda mundial partiu, em 2017, do economista Mark Carney, ex-presidente do Banco Central da Inglaterra. Foi dele a ideia de uma coalizão de bancos centrais que congrega 90 membros e vêm contribuindo para a formatação de um moderno sistema de crédito, em vários países, tendo o ESG como referência e diretriz inspiradora.


*Jacyr Costa Filho
Presidente do COSAG- o Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da Agroadvice.

 

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