O modelo a ser copiado - Editorial Diário do Comércio

O modelo a ser copiado - Editorial Diário do Comércio

A monumental lambança produzida na Petrobras precisa e deve ser colocada no seu devido contexto. Os ataques ao caixa da empresa, patrocinados e promovidos ao que tudo faz crer por partidos políticos, produziram estragos bastante grandes, com danos evidentes à imagem da empresa. Ainda assim, ações fora do contexto de uma história em que o sucesso, não raro contra as expectativas, foi sempre maior que os fracassos, reforçando sua importância num setor, além de bastante sensível, altamente estratégico, em que os interesses nacionais devem sempre ser colocados em primeiro plano. E sem que nunca se perca de vista as forças que atuam na direção contrária, características que marcam a indústria do petróleo em todo o mundo.

Alguns dos que se mostram escandalizados e indignados com os escândalos envolvendo a Petrobras, e afirmam que estão mobilizados em sua defesa, aparentemente não se dão conta de que as vicissitudes atuais podem também estar servindo de pano de fundo para outra espécie de ataque. Em termos, exatamente como foi feito à época da fundação da empresa e do estabelecimento do monopólio do petróleo. Para muitos, era quase uma anedota. Porque não existiria petróleo em território brasileiro e, mesmo se existisse, não teríamos recursos nem capacidade para explorar essa riqueza. A realidade desmentiu os pessimistas e a Petrobras hoje figura entre as maiores petrolíferas do mundo, detentora da melhor e mais sofisticada tecnologia de exploração em águas profundas, além de reservas que podem chegar a 100 bilhões de barris.

Muito provavelmente este potencial, capaz de transformar por inteiro a economia nacional e colocar o país entre os protagonistas da economia mundial, seja o verdadeiro alvo. E a fragilidade que a empresa enfrenta, relativizada em relação ao seu tamanho, se transforma em ocasião oportuna para novos ataques. Mais uma vez e como há cinquenta e poucos anos com o argumento de que nos falta capacidade e portanto seria mais sensato "flexibilizar" as regras de exploração do petróleo, principalmente das reservas do pré-sal. Ao mesmo tempo reduzir as exigências de conteúdo local, já que nossa indústria não teria como responder à escala e exigências das encomendas. Mudaram as circunstâncias mas os movimentos seguem na mesma direção e, claramente, em nome de interesses que não são os do país ou da indústria aqui instalada.

Se for preciso, em última instância, será preferível desacelerar, refazendo os projetos para o pré-sal, conforme nossa própria capacidade de realizá-los. Nada de diferente, nada que não seja feito pelos países economicamente mais poderosos, sempre que é preciso defender seus interesses em áreas mais sensíveis. Este sim é o modelo a ser copiado.