O Nome do Jogo – Por Arnaldo Luiz Corrêa
Nova York encerrou a semana com o contrato de açúcar para vencimento em outubro (que agora passa a ser o primeiro mês de negociação) a 12.44 centavos de dólar por libra-peso, uma valorização de 49 pontos, ou 10 dólares por tonelada na semana. Os demais meses, na curva que se estende até maio/2018, também fecharam em ligeira alta que variou entre 1 e 7 dólares por tonelada. Apesar de uma semana mais alentadora em NY para os altistas, no físico não existe nada tão animador assim no momento.
De interessante mesmo, o mercado futuro de açúcar em NY assistiu, na última terça-feira, a reedição da famosa entrega de maio agora na expiração do contrato de julho. Uma vez mais a trading asiática que recebera 1.9 milhão de toneladas no vencimento maio, também foi a solitária recebedora embora com volume bem mais modesto.
Se usarmos a mesma lógica que deve ter permeado ambos os recebimentos, não seria surpresa se em outubro a mesma trading (talvez acompanhada por outras) colocar-se novamente na posição de recebedora. Confesso que aprecio a estratégia que – presumo - eles adotaram. Tenho incansavelmente falado toda semana sobre o spread outubro/março, que chegou a negociar a 160 pontos e encerrou a semana (encurtada pelo feriado americano) em 133 pontos. Distorções como essa trazem oportunidades aos olhos mais atentos. Se os ventos favoráveis soprarem para essa estratégia, vai merecer aplausos.
A trading em questão tem destino para uma parcela de seus recebimentos atendendo às suas refinarias na Indonésia, Nova Zelândia e Austrália. O prêmio de branco atual (entre 90 e 100 dólar por tonelada) sustenta que mais açúcar bruto seja comprado tendo em vista a margem obtida com o refinado. É uma questão de arbitragem. Como NY tem alta limitada em função do volume de fixação em aberto ainda existente para o Centro-Sul e com a percepção nítida de que qualquer subida repentina dos preços encontrará os retardatários das fixações e de outras origens (Tailândia, por exemplo) que deverão aproveitar quaisquer oportunidades para fixar seus preços, conclui-se que o futuro tem um potencial de alta limitado. Assim, o nome do jogo é o basis.
Se o físico ficar relativamente controlado por um grande player por meio de volumoso recebimento via bolsa, alterações no mercado físico sejam elas determinadas por questões climáticas, de disponibilidade de açúcar (menor devido ao etanol vantajoso), de logística, ou outras, terão reflexo imediato prioritariamente no basis. A valorização do prêmio é – na minha ótica – o melhor dos mundos para quem detiver o físico. Conceitualmente, não podemos esquecer que o mercado físico é o resultado do mercado futuro mais ou menos o prêmio. Repetindo: o futuro está limitado às questões já abordadas, portanto o físico se valorizará via prêmio. Essa é a aposta.
Para ajudar a estratégia o mercado está vendo muitas tradings rolando posições internas de outubro para março. Quem não tiver comprado açúcar contra outubro pode se ver na situação de encontrar poucos vendedores caso o etanol continue remunerando melhor que o açúcar contra outubro. Ou o spread estreita ou os prêmios se fortalecem.
Acredito que já vimos o preço mais baixo do ano. O estudo da Archer mencionado aqui na semana passada aponta que nos últimos quinze anos o segundo semestre apresentou uma recuperação dos preços médios praticados – principalmente - no segundo trimestre do ano. Dessa feita, nossa estimativa é que os preços alcancem seu pico no ano por volta de outubro (quando março será o primeiro mês de negociação) e os preços podem alcançar 14.20-14.50 centavos de dólar por libra-peso. Evidentemente que isso é apenas um modelo e a experiência anterior mostra um erro de até 10% e não leva em consideração fatores exógenos como o preço do petróleo, a variação de moeda, o efeito El Niño, por exemplo.
A Agência Nacional do Petróleo divulgou o consumo de maio/2015 que atingiu 4,7 bilhões de litros contra 4,66 bilhões em maio do ano passado. Foi um aumento pífio de menos de 1%. A tendência é de queda e paradoxalmente isso pode afetar positivamente o etanol, pois o consumidor troca um combustível mais barato (etanol) por outro (gasolina) em situações de aperto financeiro no orçamento familiar. O consumo acumulado de doze meses (junho/2014 até maio/2015) atingiu 58,16 bilhões de litros, ligeiramente inferior ao acumulado do mês passado. É a segunda vez este ano que isso ocorre. A última vez que tivemos mais de duas ocorrências no mesmo ano foi em 2005. É o sinal que o consumo pode estar revertendo a tendência de crescimento.
As parvoíces proferidas por Dilma são de assustar. Já estão merecendo uma enciclopédia para registrar para a posteridade tantas bobagens e sandices produzidas pela presidente. Saudades de Sérgio Porto, o famoso cronista e escritor brasileiro, mais conhecido pelo seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, que criou na década de 60, em pleno regime militar, o Festival de Besteira que Assola o País, FEBEAPÁ. Dilma, certamente, fosse vivo ainda Sérgio Porto, seria considerada hors concours. O lado triste da história é que essa gente que está no poder há 12 anos não apenas destruiu a Petrobrás com a quadrilha que assaltou a empresa, mas levou de roldão o setor sucroalcooleiro que subsidiou a gasolina, favorecendo a venda de veículos, segurando a inflação e inflando a popularidade de Lula que conseguiu eleger uma farsante como ele. Estamos perdidos.
Gostaria de agradecer a todos aqueles que nos cumprimentaram pelos quinze anos de existência. Muito obrigado pelo prestigio
*Artigo publicado originalmente no Portal da Archer Consulting no dia 04/07/15.