O tamanho do Estado e a governabilidade - Por Dib Nunes Jr.

O tamanho do Estado e a governabilidade - Por Dib Nunes Jr.

Desde que o Brasil elaborou uma nova constituição em 1988, o Estado recebeu um pesado ônus, pois passou a ter uma série de obrigações e deveres para com a sociedade, nas quais, segundo a Carta Magna, o Estado seria o responsável por suprir as necessidades mínimas dos seus   cidadãos no tocante à educação, infra estrutura, habitação, proteção jurídica, programas de inclusão social, criação de empregos, remédios subsidiados, etc... Isto gerou uma falsa sensação de que o governo deve prover tudo para a população, que, por sua vez, passou a reivindicar, cada vez mais, direitos e benefícios com o apetite insaciável para abastecer o que pode ser classificado como verdadeiro “saco sem fundo”. Estava instituída a “vagabundização”.

Essa constituição, com viés totalmente socialista, abriu espaço para a segmentação da sociedade em diversos grupos, possibilitando o surgimento de tudo quanto é tipo de organizações, movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, movimento LGBT, comunidades quilombolas, indígenas, ambientalistas, associações de profissionais, religiões, seitas, castas de privilegiados, representantes de diversos setores do mercado e da sociedade.

Isto criou um enorme balcão de negociações e lutas classistas de servidores públicos ou não, buscando brechas e criando leis para se beneficiar do erário público cada vez menor frente à enorme demanda. Por sua vez, o poder também foi segmentado e todas essas classes não demoraram a perceber que, para pegar sua fatia no bolo, era preciso participar do governo, pois somente assim poderiam garantir gordas verbas e benefícios elevados, com receitas de impostos sindicais, fundos sociais de amparo ao trabalhador, verbas com fundo perdido, aposentadorias precoces e especiais, privilégios em carreiras nas estatais, secretarias, ministérios, procuradorias, no legislativo, no executivo, no judiciário, além, é claro, dos “direitos adquiridos” pela sociedade organizada.

Desde então, o Estado brasileiro tem sido uma enorme vaca leiteira com tetas por todo lado, que foi crescendo e inchando a ponto de se transformar num enorme e pesado paquiderme, sendo sugado e carregando um fardo insuportável de gastos e desperdícios para sustentar essa enorme máquina pública. Impostos, medidas provisórias, portarias, decretos e leis são criadas todos os dias para tirar cada vez mais dinheiro do governo, que por sua vez, aperta cada vez mais os empresários e cidadãos comuns para sustentar tudo isso.

Os impostos, representam para os contribuintes, pelo menos 34% do que se ganha, arrecadando da sociedade escravizada, cerca de 1,5 trilhões de reais todos os anos e mesmo assim, a dívida pública não para de crescer. Não há livre mercado, o governo gasta e socializa a conta para a população pagar.

As categorias com maior representatividade constituídas por grupos de elite do poder, aprovam qualquer coisa em forma de bônus, auxílios e sufrágios especiais, seja para funcionários da ativa ou aposentados públicos que já consomem 57% da arrecadação do governo. E aja arrecadação para pagar esta conta, pois governo está gigante demais. No Brasil segundo um levantamento que circula na internet, temos 70.794 políticos eleitos sustentados pelas maquinas municipais, estaduais e federais, além de 715.074 assessores nomeados não concursados, comprometendo R$128 bilhões por ano em salários, fora o que desviam nas licitações de obras ou desperdiçam em programas ligados aos ministérios. Ninguém aguenta uma máquina tão inchada. Tudo aqui neste país funciona mal, menos a Receita Federal, este órgão arrecadador impetuoso e voraz, que esbulha o contribuinte para encher os cofres públicos, mas não é suficiente.

A relação Dívida/PIB já está próximo a 80% e a economia está parada à espera de um salvador da pátria na próxima eleição, com um programa de governo milagroso de desmonte tudo isso, além de ter que reduzir a corrupção, o novo presidente precisará fazer o Brasil voltar a crescer, criar empregos, gerar renda, incentivar o livre mercado, enfim, sair desta armadilha socialista estatizante que nos levou a este verdadeiro caos.

A situação se agrava quando percebemos que estas castas privilegiadas não sofrerão grandes mudanças com as próximas eleições e nem teremos cortes nos “direitos adquiridos”. Vejam que a última proposta de reforma da deficitária previdência estava totalmente equivocada, pois, em vez de centrar fogo sobre os verdadeiros responsáveis pelo déficit, foi construída para penalizar ainda mais os pobres mortais pagadores de impostos – os trabalhadores.

Os nossos políticos já tiveram inúmeras oportunidades para mudar o “status quo”, mas praticamente nenhuma reforma foi feita. E o pior, é possível que, pelo menos 85% destes parlamentares retornem na próxima legislatura, mesmo que tenham sobre si, acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, improbidade administrativa etc.

Tudo indica que, quem for eleito, terá enormes dificuldades para governar, pois a receita dependerá de um corte significativo de gastos e, infelizmente, de um aumento brutal de impostos para tentar reequilibrar as contas; além disso, o novo governo estará entregue às feras que dominam o poder há anos. Vai ser difícil... muito difícil! Será que desta vez o povo saberá votar? Se não houver uma mudança radical, este país, do jeito que está, será ingovernável e novas crises virão por aí.