Petrobras e energia - Por Editorial Jornal A Tribuna

Petrobras e energia - Por Editorial Jornal A Tribuna

Planejamento atual da estatal é investir apenas em pesquisa sobre fontes renováveis

As grandes empresas petroleiras têm feito investimentos e começado a se dedicar a energias renováveis. Esse tem sido o movimento da norueguesa Equinor, da francesa Total, da anglo-holandesa Shell e da britânica BP, que já tratam, há algum tempo, a energia limpa como um modelo de negócios.

No final de 2018, a Equinor inaugurou seu primeiro projeto de energia solar em Quixerê, no Ceará, com 162 megawatts de capacidade. O projeto foi feito em parceria com a Scatec Solar, da qual a própria Equinor adquiriu fatia de 10%. A meta da empresa é que, até 2030, 15% a 20% do seu investimento global seja destinado a fontes renováveis de energia, e ela já ser tornou referência no segmento de geração eólica offshore (marítima). Seu investimento em projetos de energias renováveis somam 1,3 gigawatts.

A Total também está posicionada no setor de energia solar, e é acionista majoritária da SunPower, fabricante de células e painéis fotovoltaicos. A Shell, por sua vez, definiu como meta reduzir sua pegada de carbono para 2021 em 2% a 3% em relação ao padrão de 2016, atingindo 20% até 2035 e 50% em 2050. Nessa linha, a BP diminuiu em 3,4% as emissões de gás carbônico em suas operações em 2018, comparado com o ano anterior, e ela tem foco, no campo das energias renováveis, em biocombustíveis, energia solar e energia eólica. O grupo BP possui três plantas no Brasil, que produziram 765 milhões de litros de etanol de cana-de-açúcar em 2018.

A Petrobras, entretanto, não tem avançado no setor. Seu planejamento atual é investir apenas em pesquisa sobre fontes renováveis, entendendo que aplicar recursos nessa área atualmente gera apenas benefícios de marketing e imagem institucional da empresa, sem retorno financeiro adequado.

Essa estratégia é duvidosa e está na contramão do que estão fazendo as outras gigantes petroleiras, que já estão diversificando seus portfólios em busca de uma matriz mais limpa. Embora a participação das renováveis ainda seja pequena nas petroleiras globais, elas estão agindo e se capacitando no setor. Sabe-se que a aquisição de tecnologia e expertise exige tempo, e ficar distante desse movimento poderá trazer problemas para a Petrobras.

Não há dúvida que o consumo de petróleo e gás irá declinar nas próximas décadas em todo o mundo. E o mercado vem reagindo: o fundo dinamarquês MP Pension anunciou que venderá suas ações em dez grandes petroleiras, incluindo a Petrobras, entendendo que os modelos de negócio de longo prazo dessas empresas são incompatíveis com as metas do Acordo de Paris, que visa evitar o aquecimento global.