Petrobras também lança o controverso etanol aditivado - Por Bóris Feldman

Petrobras também lança o controverso etanol aditivado - Por Bóris Feldman

Essa combustão é irregular, provoca a tal “batida de pino” (que nada mais é que um choque de ondas) e prejudica a eficiência do motor, reduzindo potência, aumentando o nível de emissões e que pode até danificar os pistões.

Como a aditivação é desnecessária no etanol, havia um consenso entre as distribuidoras de combustíveis de se usar aditivos apenas na gasolina. E apenas duas delas decidiram o contrário: primeiro a Shell e, agora, a Petrobras, que, também de olho em engordar seu faturamento, acaba de lançar o etanol do tipo Grid, mesma denominação de sua gasolina aditivada.

Dourando a pílula

Algum problema em abastecer com o etanol aditivado? Nenhum, exceto para o bolso do motorista, que vai, literalmente, jogar dinheiro no lixo. Poderia teoricamente ter alguma vantagem com os argumentos dos marqueteiros.

É óbvio que a Petrobras “doura a pílula” e alega a presença de um “redutor de atrito” para atenuar o desgaste entre peças que se atritam como pistões, anéis e cilindros, apesar desta redução de atrito ser função do óleo lubrificante, não do combustível.

A BR Distribuidora diz também que os aditivos (dispersantes e detergentes) “contribuem para a limpeza do sistema de alimentação de combustível e retirada de impurezas pela combustão”. Plenamente correto no caso da gasolina, porém de necessidade duvidosa no etanol por seu baixo teor de carbono.

A distribuidora afirma contar também com um “inibidor de corrosão para auxiliar na redução do efeito corrosivo do etanol nas partes metálicas do motor”. O etanol pode realmente provocar uma espécie de “gosma” em alguns locais como o filtro de combustível. Mas, como ele é substituído regularmente, não se torna um problema. Tanto que jamais foi motivo de reclamações por parte dos usuários.

Não deixa de ser curioso que só agora, 16 anos depois de lançado o carro flex, a BR Distribuidora tenha percebido a necessidade de aperfeiçoar o etanol e evitar tantos prejuízos causados ao motor.

Resumo da ópera?

A Shell já confundia o motorista valendo-se da necessidade de se aditivar a gasolina para “vender o mesmo peixe” no etanol. A Petrobras entra na mesma onda e lança o desnecessário etanol aditivado, chamado Petrobras Grid.

Vale a pena utilizá-lo? Sim, para os donos de postos e distribuidoras de combustíveis, mas corrosivo no bolso do motorista.

Boris Feldman é formado em Engenharia e Comunicação. Foi engenheiro da Metal Leve (fábrica de peças para motores) por 20 anos e editor de diversos cadernos de automóveis. Criou e produziu o programa Vrum em rede nacional pelo SBT, foi piloto de competições e vice-diretor da CBA. É colecionador e diretor do Veteran Car-MG. Além do AUTOentusiastas, assina coluna em jornais e outros portais e tem o programa de rádio Auto Papo em quarenta rádios. Lançou em julho de 2017 e é publisher do portal autopapo.com.br.