Preço da energia renovável cai mais que o de fósseis em 2022

Preço da energia renovável cai mais que o de fósseis em 2022

Relatório diz que o mundo deve adicionar anualmente mais do que o triplo do que foi somado em energias renováveis em 2022, em média, até 2030, para manter possível o limite do aquecimento de 1,5°C na temperatura

A energia renovável adicionada globalmente em 2022 reduziu a conta de combustível para gerar eletricidade no mundo todo. Quase 90% da capacidade das energias renováveis contratada no ano passado registrou custos mais baixos do que a eletricidade produzida através de combustíveis fósseis.

O aumento da capacidade instalada de energias renováveis desde o ano 2000 reduziu a conta global de combustível para o setor elétrico em pelo menos US$ 520 bilhões em 2022. Os países que não pertencem ao grupo da OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, irão economizar US$ 580 bilhões durante o ciclo de vida das fontes de energias renováveis adicionadas em 2022.

Os dados fazem parte do relatório anual sobre o custo da produção de energia renovável publicado pela Agência Internacional para Energias Renováveis (Irena), com sede em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Segundo o “Renewable Power Generation Costs in 2022”, o custo das energias renováveis continuou caindo em 2022, apesar da inflação e do aumento dos preços dos materiais e equipamentos. Somente os custos da energia eólica offshore e da energia hidrelétrica aumentaram 2% e 18% respectivamente. Isso aconteceu, em parte, pela menor participação chinesa na implementação de eólicas offshore e “aos excessos de custos em um conjunto de grandes projetos hidrelétricos”, diz a nota à imprensa.

Em termos globais, o custo médio ponderado da eletricidade caiu entre 2% e 3% no caso da energia solar fotovoltaica, 5% para eólicas, 13% para bioenergia e 22% para energia geotérmica. A expansão das células solares fotovoltaicas e da energia eólica onshore na China foram os principais motivos para a queda nos custos.

“O ano de 2022 foi um ponto de virada na implantação de energias renováveis”, diz Francesco La Camera, diretor-geral da Irena, na nota à imprensa. “Sua competitividade nunca foi tão grande, apesar da persistente inflação dos custos das matérias-primas e equipamentos no mundo todo.” Cerca de 86% (187 gigawatts) de toda a capacidade renovável encomendada em 2022 teve custos mais baixos do que a eletricidade produzida a partir de combustíveis fósseis.

La Camera alerta, contudo, que o mundo deve adicionar anualmente 1.000 GW de energias renováveis, em média, até 2030, para manter o limite do aquecimento de 1,5°C ao alcance -mais do que o triplo do que foi somado em renováveis globalmente em 2022. “Não há tempo para que um novo sistema energético evolua gradualmente, como foi o caso dos combustíveis fósseis”, diz.

Entre 2010 e 2022, as energias solar e eólica se tornaram competitivas em comparação aos combustíveis fósseis, mesmo sem apoio financeiro. O custo médio global da energia solar fotovoltaica, por exemplo, caiu 89% no período, quase um terço menos do que o combustível fóssil mais barato do mundo. “A crise dos combustíveis fósseis em 2022 é um forte indicador dos benefícios que podem vir das energias renováveis, em termos de segurança energética”, diz o relatório. “De fato, 2022 foi o ano em que esses benefícios das renováveis foram ‘redescobertos’ globalmente”, diz o texto.

 

Valor Econômico