Preço dispara e províncias já racionam diesel na Argentina

Preço dispara e províncias já racionam diesel na Argentina

A escassez de diesel é generalizada na Argentina e muitas províncias já estão racionando o combustível. Os preços dispararam e problemas de distribuição afetam 19 das 24 províncias do país, segundo a Federação Argentina de Entidades Empresariais de Transporte de Carga (Fadeeac).

Um estudo divulgado ontem pela entidade mostra também que, com a escassez, em alguns lugares, o litro do diesel chega a custar até 250 pesos - o equivalente a R$ 9,70, levando em conta a cotação do dólar oficial, um preço muito mais alto do que o praticado em média no Brasil, por exemplo. Pelo dólar paralelo (o blue) o litro sai pelo equivalente a R$ 5,90. Mesmo a esses valores, os motoristas argentinos têm dificuldade em encontrar o combustível.

Na maior parte do país, 26,9% dos caminhoneiros têm se submetido a esperas superiores a 12 horas para abastecer. A situação de crise no abastecimento se arrasta desde o começo do ano, mas se agravou nas últimas semanas.

“O quadro está ficando mais complicado a cada dia”, alertou Roberto Guarnieri, presidente da federação. “A produção agrícola e industrial, que já sofre com atrasos, será ainda mais afetada se o cenário atual não for revertida”, completou Guarnieri.

“A situação de desabastecimento é uma combinação de menor produção local de diesel, demanda em máximos históricos e baixos preços locais, sob controle do governo, o que desestimula importações”, explicou Julián Rojo, economista do Instituto Argentino de Energia (IAE), ao site argentino “Infobae” no fim de semana.

Além disso, especialistas indicam que a Argentina importa grande parte do diesel que consome. A estatal petrolífera YPF , responsável pela distribuição, precisa pedir dólares ao Banco Central para pagar a importação e depois vender o produto a preços subsidiados, arcando com o prejuízo.

Um mapa elaborado pela Fedeeac ilustra a gravidade da crise por meio de uma escala de cores: 14 províncias estão em vermelho, ou seja, há pouquíssimo ou nenhum combustível nos postos. Estão nessa situação as província da região norte - incluindo Buenos Aires -que abrangem os destinos de maior demanda e atividade econômica do país. Em Entre Ríos, Em Entre Ríos, com o diesel a 200 pesos por litro, a atividade agrícola está “à beira da paralisia”, segundo a Fadeeac.

As Províncias de San Luis, La Rioja, Catamarca e Chaco estão em laranja - indicando que há pouco combustível e venda racionada, limitada a 20 litros por veículo.

“A demanda por esse combustível continuará aumentando, pois a escassez de gás implicará em diesel adicional para atender às necessidades da indústria e do campo”, diz o comunicado da Fedeeac.

O governo argentino anunciou na semana passada medidas para enfrentar a escassez de diesel, incluindo um aumento nas importações de até 50% em junho e julho para atender a maior demanda. Mas a federação indicou que esse reforço ainda não chegou ao país.


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