Preços do açúcar melhoram e usinas aproveitam o momento - Por Arnaldo Luiz Corrêa

Preços do açúcar melhoram e usinas aproveitam o momento - Por Arnaldo Luiz Corrêa

O mercado de açúcar em NY fechou a semana com o primeiro mês de negociação – março de 2020 – cotado a 13.18 centavos de dólar por libra-peso, 24 pontos acima do fechamento da semana anterior, pouco mais de 5 dólares por tonelada de ganho. Comentamos na semana passada que sentíamos uma onda mais positiva em relação aos preços do açúcar. E isso está apenas começando, em nossa percepção.

Enquanto isso, os fundos reduziram suas posições vendidas em 20,000 contratos e até a última terça-feira, de acordo com o relatório semanal publicado pelo CFTC (Commodity Futures Trading Commission), a agência americana reguladora do mercado de commodities, estavam segurando uma posição de 76,000 lotes.

Os contratos de petróleo WTI e Brent subiram na semana, respectivamente, 7.2% e 6.4%, seguidos do café, cujo movimento tem pouco lastro fundamentalista e muito mais a ver com a cobertura dos  fundos, aqui comentada anteriormente quando dissemos que o açúcar poderia receber influência do café, que assiste a uma frenética recompra dos fundos. Analistas acreditam que o petróleo sobe mais no inicio do primeiro trimestre de 2020.

Apenas para colocar adequadamente no contexto, no acumulado do ano o petróleo WTI já valorizou 30%, a gasolina RBOB subiu 26.5% e o café apreciou 22% enquanto o açúcar mingua nos 10% de acréscimo.

Nem tudo são rosas, no entanto. Depois de deixar de pagar aos obrigacionistas US$ 9 milhões que venceram no início de novembro, uma usina do setor poderá também adiar os pagamentos de dívidas que vencem no início de 2020 da ordem de US$ 230 milhões. A notícia é péssima, não apenas para a empresa em questão, como também contamina outras usinas que estejam em processo de renegociação de suas dívidas.

A dívida do setor cresce além da inflação e a desvalorização do real afeta o valor total da dívida, um terço dela em moeda americana. A Archer Consulting estima que nos últimos doze meses a divida do setor cresceu 7.58% atingindo 104.32 bilhões de reais. Uma montanha de dinheiro. Grande parte do endividamento atual começou a ser construído em 2009/2010 quando um dólar valia menos de R$ 2.

O modelo de previsão de preços da Archer Consulting, assume que o preço médio dos fechamentos diários do açúcar no mês de dezembro deve chegar a 13.09 centavos de dólar por libra-peso.

Curiosamente o preço médio do fechamento do primeiro mês de vencimento do contrato futuro de açúcar em NY no ano de 2018 foi de 12.24 centavos de dólar por libra-peso. Até o momento, o preço médio de NY em 2019 é de 12.25 centavos de dólar por libra-peso, ou seja, 0,08% acima. A baixa volatilidade do açúcar encoraja os fundos de manterem suas posições vendidas a descoberto por um longo período de tempo. Não porque eles achassem que o açúcar ia cair, mas porque ele oscila menos e diminui o risco numa eventual operação conjunta, como a de petróleo contra açúcar.

O mercado recebeu o volume de fixação da Archer Consulting, publicados na semana passada como bem abaixo das expectativas.  O modelo diz que até o final de outubro 16.7% do açúcar para exportação da safra 2020/2021 estava fixado. O mercado acredita que esse número é em torno de 25%. Uma observação importante: o volume de contratos futuros de açúcar negociados em outubro foi menos da metade daquele negociado em setembro (4.7 milhões de contratos contra 2.0 milhões).