Previsão de safra da Conab está superestimada, afirma Dib Nunes
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apresentou nesta semana a estimativa de safra de cana-de-açúcar para a safra 2016/17. Segundo o órgão, o país esmagará ao fim do ciclo em todo Brasil um total de 684,8 milhões de toneladas, que prevê um aumento de 3,7% em relação à safra passada.
No entanto, para o engenheiro agrônomo Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA, este número está superestimado e não está considerando uma série de fatores que certamente estão derrubando a produtividade e a produção, principalmente no Centro-Sul do Brasil, onde se produz cerca de 89% de toda a cana do país.
As médias de produtividade consideradas pela Conab para o Centro-Sul estão na casa dos 79,0 t/ha, portanto, apenas 1,5% inferior à safra 2015/16. Mas isto não deverá ocorrer, segundo o diretor do Grupo IDEA. “Pelo contrário, o Centro-Sul, de acordo com as últimas pesquisas, está apresentando uma quebra de produção média de 4,15% até o momento, em virtude das condições climáticas desfavoráveis do mês de abril e da aceleração da moagem ocorrida no presente ano.”
Além disso, a expansão da cultura foi irrelevante. O índice de reforma foi menor que 10% (enquanto o ideal é de 17% a 18%) e os tratos culturais foram reduzidos nas usinas e pequenos produtores por conta de problemas financeiros.
Segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), até a última quinzena de julho já aconteceu a antecipação de colheita de 37 milhões de toneladas, o que também contribui para a quebra de produtividade.
Na projeção de Nunes, do jeito que a safra está caminhando, o Centro-Sul produzirá entre 580 e 590 milhões de toneladas de cana que, somadas às 55 milhões de toneladas do Norte/Nordeste, poderá chegar a uma moagem ao redor de 645 milhões em todo o Brasil no ciclo 2016/17.
“Como se pode ver, os números divulgados pela Conab dão a falsa impressão de uma supersafra, o que absolutamente não corresponde à realidade”, completa o consultor.
