Quem tem medo de Renan Calheiros? - Por Dib Nunes Jr.

Quem tem medo de Renan Calheiros? - Por Dib Nunes Jr.

Tomei conhecimento do ilustre parlamentar quando o Fernando Collor de Melo se candidatou à presidência da república. Naquela época Renan Calheiros desfilava na TV com a bandeira dos “caçadores de marajás” discursando para os mais humildes, a quem chamava de “descamisados”. Defendeu com unhas e dentes o pacote de medidas econômicas que congelou a poupança do povo brasileiro, mas não tardou a se desentender com o chefe, por conta do apoio que o mesmo deu a Geraldo Bulhões que o derrotou na eleição para governador de seu estado. Acusou o guardião de Collor, como vingança acusou Paulo Cesar Farias, o braço direito de Fernando Collor, de exercer um governo paralelo e comandar esquema de corrupção dentro do governo.
No governo FHC ocupou o cargo de Ministro da Justiça, mesmo sem ter a carteirinha da OAB. Nesse período atuou decisivamente contra violência no campo e abriu inquéritos contra líderes do MST. Atuou também contra policiais corruptos envolvidos em contravenções e falcatruas. Foi presidente do CONTRAN (Conselho Nacional de Transito) e do Conselho dos direitos das crianças e adolescentes. Renan foi um dos mentores do estatuto do desarmamento e liderou o combate aos “anões do orçamento”. Com tantas boas ações foi reeleito em 2003. De lá para cá o lobo deixou a pele de cordeiro e a sua verdadeira vocação se manifestou. Começou pelo “Renangate” escândalo onde foi descoberto que a empreiteira Mendes Junior pagava as despesas de sua amante, a jornalista Monica Veloso.
Isto lhe afastou da presidência do senado. Logo descobriu-se que usou notas frias de empresas fantasmas para justificar o aumento significativo de seu patrimônio, que incluía a aquisição de uma fábrica de refrigerantes e várias emissoras de rádio AM e FM em Alagoas. Nesse período ocorreram seis representações contra ele no conselho de ética e o movimento “Fora Renan” coletou 1,6 milhões de assinaturas chegou ao congresso. Tudo isso aparentemente não deu em nada e em 2011 se reelegeu senador. Entretanto, ele apareceu mesmo foi no governo Dilma, onde surfou à vontade em inúmeros famosos casos de corrupção.
O ex diretor de suprimentos da Petrobrás, Paulo Roberto Costa em sua delação premiada, citou que Renan recebia mais propina que todo o PMDB. No momento está sendo investigado em onze ações pelo pouco ágil Supremo Tribunal Federal, em processos que ocupam mais de mil páginas e que se encontra nas mãos do juiz Luiz Edson Fachin. Denúncias de corrupção ativa não faltaram em várias delações premiadas de Alberto Youssef, Galvão Engenharia e Nestor Cerveró. Em dezembro de 2015, o ministro Teori Zavascki autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Renan.
A ministra Carmen Lúcia abriu recentemente um novo inquérito para apurar sua atuação na contratação do estaleiro Rio Tiete pela Petrobrás. Sua situação se complicou ainda mais com as prisões de policiais legislativos acusados de fazer contraespionagem da Lava Jato, que estariam sob seu comando realizando escutas telefônicas nos três poderes. Num dos raros momentos de descontrole emocional ofendeu o juiz Vallisney de Souza chamando-o de “Juizéco” de primeira instancia e o Ministro da Justiça Alexandre Moraes de “Chefete de polícia”. Enfim Renan está em quase todas operações da polícia federal: Zelotes, Metis, Lava Jato, Mensalão e Petrolão. Atualmente, usa o foro privilegiado para se manter livre das garras da justiça. Seu mandato como presidente do senado termina em fevereiro de 2017, mas seu mandato vai até 31 de dezembro de 2018. Em sua longa carreira política, viu e agiu em muitas frentes, tem no momento o conhecimento das escutas realizadas no legislativo, judiciário e executivo nos últimos anos.
Talvez seja por isso que dizem que ele tem muita gente importante na mão. É um arquivo vivo dos anos obscuros do PT no poder, onde se meteu com muita gente poderosa. Está muito claro que ele sabe demais para ser preso. Muitos não entendem por que ainda não foi levado para trás das grades e pessoas indignadas como eu, se perguntam: quem tem medo de Renan Calheiros?