Raízen e Cocal firmaram parceria na operação de uma planta de energia elétrica voltada para consumidores de Geração Distribuída. A unidade deve começar a funcionar até junho, e a expectativa é de receita na casa dos R$ 20 milhões por safra com esse modelo, a depender do público e volume atingidos. A planta fica dentro da área de biogás da Cocal, em Narandiba (SP). A Raízen fará a distribuição do produto ao consumidor e a gestão do consórcio, enquanto a Cocal será responsável por produzir energia elétrica a partir do biogás. A capacidade da planta é de até 35.000 MWh/ano.
A Geração Distribuída (GD) é a geração elétrica feita junto ou perto dos consumidores, portanto com menores custos de transmissão e perdas. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permite que consumidores que produzem energia elétrica de fontes renováveis passem o excedente para a rede de distribuição local. "A GD dá ao cliente a opção de escolher de quem adquirir", afirma o diretor de Soluções de Energia e Renováveis da Raízen, Rafael Rebello. "E para São Paulo, que é importador, ter a GD é uma forma de ajudar o Estado a ganhar autossuficiência."
"Nossos clientes têm 10% de economia em relação à bandeira verde", diz o executivo. "Mas quando passa para bandeiras como a amarela, vermelha e roxa - como a de escassez hídrica em dezembro do ano passado -, o desconto chegou a 22%. Porque há garantia de que a precificação é em cima da bandeira verde, então o cliente não enxerga qualquer acréscimo de bandeira por conta do sistema elétrico brasileiro."
Os clientes alvos são pequenas e médias empresas que pagam entre R$ 500 e R$ 40 mil por mês em conta de luz - especialmente os que estão mais próximos da faixa superior, já que o desconto é mais perceptível para quem tem contas maiores. O diretor de novos negócios da Cocal, André Gustavo Alves, afirma: "A parceria pega o médio empresário, para quem o custo de energia é muito relevante".
Além da economia e da previsibilidade, os executivos destacam o fato de ser uma energia mais limpa, vinda dos resíduos da cana-de-açúcar. "Temos clientes que são ecológicos, têm hotéis com interesse de carregar bandeira de renováveis e custo", afirma Rebello. "São alguns dos perfis, além das cadeias de varejo."
Os municípios que podem receber a energia da planta são os cobertos pela rede da Elektro no interior do Estado de São Paulo.
A expectativa é de que o projeto esteja 100% operacional e que mais de 60% da energia já esteja vendida até junho deste ano. Antes da conexão, a planta já tem ocupação de 15% a 20%. O processo de contratação é digital, e o contrato de adesão tem duração de um ano. Após esse prazo, o cliente pode deixar a geração distribuída com notificações pelo prazo de três meses.
A divisão das receitas é "proporcional ao investimento e ao canal de distribuição", afirma Alves. A Cocal, que investiu na construção da planta, fica com uma fatia maior, algo em torno de 70% a 80% do valor da geração e produção. O restante, entre 20% e 30%, é destinado à Raízen, que assume a comercialização e os riscos dos clientes. O contrato da parceria é de nove anos, mas renovável por períodos sucessivos. "Achamos que estaremos sempre com a Raízen nesse modelo e nesse negócio", diz Alves.
O motivo é o conhecimento da Raízen na distribuição. Rebello diz que a companhia pretende, dentro da janela regulatória de Geração Distribuída, chegar até o fim de 2023 sendo o maior player do Brasil em volume e escala, com capacidade de 1GW e mais de 200 mil clientes atendidos.
BROADCAST AGRO