Recuperação judicial da Atvos chega ao fim

Recuperação judicial da Atvos chega ao fim

Encerramento abre caminho para o fundo Mubadala Capital injetar R$ 500 milhões na empresa, uma das maiores produtoras de etanol do Brasil

A recuperação judicial da Atvos acaba de chegar ao fim. O juiz da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Capital de São Paulo decidiu encerrar o processo, o que abrirá caminho para o Mubadala Capital, o fundo soberano de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, injetar R$ 500 milhões na empresa, uma das maiores produtoras de etanol do país.

Além de encerrar o processo de recuperação, a Justiça também homologou na última sexta-feira a proposta de uma nova estrutura de pagamentos da dívida da companhia. O plano inclui tanto os credores quirografários não-financeiros, grupo formado pelos fornecedores da Atvos, quanto os bancos.

A empresa, que já havia equacionado 54% das dívidas financeiras que existiam no início da recuperação judicial, alongou os débitos remanescentes até dezembro de 2042. Os juros, antes equivalentes a 115% do CDI, passam a ser de 100% do CDI.

A proposta que a Justiça homologou prevê ainda o pagamento integral, nos próximos 30 dias, do saldo remanescente dos débitos com credores não-financeiros. “Temos 1.250 fornecedores agrícolas, e todos eles continuarão conosco”, disse ao Valor Bruno Serapião, o principal executivo da empresa.

Como informou o Valor em junho, a Atvos mudou sua estrutura de capital ao transferir R$ 6,4 bilhões em títulos de dívida para a Soneva Energias Renováveis, uma alteração que contribuiu para o encerramento do processo de recuperação judicial. Na nova estrutura, a Soneva, um veículo financeiro do FIP Agroenergia, tornou-se o controlador da Atvos.

O Mubadala fará o aporte de R$ 500 milhões dentro de no máximo dois meses, afirmou Serapião. O dinheiro novo reduzirá a alavancagem da Atvos, que passará a ser de 1,4 vez a dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda), segundo a empresa.

Ao fazer o desembolso, o fundo de Abu Dhabi ficará com uma fatia de 31,5% da Atvos Participações. Os 68,5% restantes ficarão com a Atvos Bioenergia, holding da qual a Soneva tem 90% e a Novonor, 10%.

A Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial) tem capacidade de moer 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e de produzir 2,9 bilhões de litros de etanol por ano em suas oito usinas. Os investimentos da companhia vão chegar a R$ 1,6 bilhão neste ano.

 

Valor Econômico