Quem não participa do dia-a-dia de nosso setor, talvez não possa imaginar o momento de expectativas, ímpar, que vivemos, notadamente com a possibilidade de implementação de um Programa como o "RenovaBio", podendo ser efetivado de forma definitiva no País. Uma iniciativa de estímulos sustentáveis, focados em "descarbonização" do meio-ambiente, em garantia de aprimoramento de eficiência energética e diminuições de emissões de gases de efeito estufa, coroando-se a produção dos biocombustíveis em todas as regiões produtoras do Brasil, com a perspectiva de elevação da produção nacional de 27 para 50 bilhões de litros nos próximos 15 anos, e com isso no mínimo proporcionar um aumento substancial, na geração de emprego e renda nos interiores, descentralizando os investimentos e nos proporcionando benefícios com a saúde pública.
Além disso, tornar ainda o setor Sucroenergético, por meio do combustível oriundo da cana-de-açúcar, o carro chefe brasileiro no cumprimento das metas de redução de carbono, estabelecidas na Conferência das partes sobre Mudanças Climáticas (COP 21), ocorrida na França em 2015, com 190 (cento e noventa) países signatários, para vigência a partir de 2020 com relação a 2005, o que começará a ganhar mais impulso, em novembro próximo, no âmbito da Cop 23 que será realizada em Bonn - Alemanha.
Essa temática foi abordada em profundidade, na última semana de setembro, quando o nosso Sindaçúcar foi parceiro técnico do grupo "EQM/Folha de Pernambuco", a frente Industrial Eduardo de Queiroz Monteiro, grande entusiasta, Produtor da Indústria da Cana em Pernambuco e Alagoas, na décima edição do conceituado "Fórum Nordeste de Energias Renováveis", realizado no Paço Alfândega do Recife-PE.
O evento trouxe o tema para o foco do debate e contou com a participação de um público expressivo e representativo - sendo três Ministros de Estado, das pastas de Minhas e Energia, Cidades e Educação, os Governadores de Pernambuco e de Alagoas, além inclusive, mensagem ao vivo do Governador de São Paulo, o Prefeito de Recife, que desde cedo apoiou o evento, Parlamentares da Alepe e Federais, outros Prefeitos e muitos Empreendedores, além de Representantes e Industriais do setor, Presidentes do Fórum Nacional Sucroenergético e Fornecedores de Cana-de-açúcar, de Bens de Capital e de Insumos. Na ocasião, o RenovaBio foi anunciado pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, como um Programa em fase final de confecção e a sua importância, foi explicitada por todos, como uma notável transição, da era do Proálcool para os momentos atual e futuro.
Como ressaltou o Doutor Plínio Nastari, Presidente da Datagro e membro representante da sociedade civil no CNPE - Conselho Nacional de Política Energética, em sua palestra no evento, devemos levar em consideração que, apesar do automóvel elétrico estar sendo considerado uma novidade na Europa, faz-se imprescindível a aferição criteriosa das qualidades de sua autonomia, estações de reabastecimento e do tipo da fonte que origina a eletricidade gerada, assim como, se as baterias são construídas a partir de metais como lítio e cobalto, necessários na fabricação, porém, monitorando-se a segurança do descarte e que não haja vestígios de exploração de Direitos Humanos nas minas, nem muito menos Trabalho Infantil, nos países onde se realizam os extrativismos.
Portanto, o etanol oriundo da cana-de-açúcar e o Biodiesel nacionais têm tudo para serem os protagonistas no cenário mundial associado a perspectiva do tão almejado desenvolvimento sustentável, notadamente quando reduzido na agroenergia tropical, transformadora de energia solar em liquefeita para transportes, onde o Brasil se destaca, com experiências bem sucedidas que vem da época da segunda "Grande Guerra e do Proálcool".
A Região Nordeste de nosso país, nesse caso, garante a sua contribuição. E o Sindaçúcar e demais entidades congêneres, seguem nas articulações e mobilizações para que, todo o processo de implantação do RenovaBio seja concluído a contento, valorizando-se as externalidades dos Biocombustíveis, na direção da busca de um mínimo de equilíbrio, quando nos referirmos às condições de competitividade no mercado interno.
Não por acaso, todo o setor tem consciência de que o grande beneficiado não será apenas o nosso segmento, mas o País em toas as suas Regiões, e, especialmente os consumidores, além do fortalecimento das cadeias produtivas, que só no nosso Estado de Pernambuco envolvem cerca de 12.000 fornecedores de cana e mais de 70 mil empregos, formais e diretos, estabelecidos em mais de 58 municípios. E os Empregos na era do RenovaBio podem sair do patamar de cerca do um milhão de postos atualmente em todo o país, para quase 2 (dois) milhões até 2030, fator determinante para não perdermos mais décadas na trajetória do país.
Renato Augusto Pontes Cunha é presidente do Sindaçúcar/PE e Vice-Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético - FNS