Safra 2021/22, por que não uma meta de 300 milhões de toneladas de grãos? - Por José Luiz Tejon

Safra 2021/22, por que não uma meta de 300 milhões de toneladas de grãos? - Por José Luiz Tejon

Precisamos sair da hipnose insensata que nos rouba a razão. Recebi da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da gerência agropecuária de São Paulo, de Marisete Bellotti, o 9º Levantamento de Grãos, safra 2020/2021. Notícia boa, soja totalmente contabilizada, colhemos 135 milhões de toneladas, novo recorde. Superamos os Estados Unidos. Também boa notícia com o trigo, deveremos ter 7 milhões de toneladas.

Qual a notícia ruim? A crise hídrica pegou o milho, houve o atraso da colheita da soja, pois o milho é de segunda safra, dessa forma o milho perdeu o melhor momento da janela ideal de semeadura. Com a quebra do milho teremos uma diminuição da safra que estava prevista para 271 milhões de toneladas no levantamento anterior para 262 milhões e 130 mil toneladas. Uma quebra de cerca de 9 milhões de toneladas a menos com o milho, que fará um máximo de 96 milhões de toneladas, ainda não finalizado.

Então, mesmo com 262 milhões de toneladas é recorde superior a safras anteriores, mas isso nos basta? O arroz virá com 11 milhões, 626 mil toneladas; o feijão com 3 milhões e 077 mil toneladas, o algodão com 2 milhões e 342 mil toneladas e outros grãos com 5 milhões e 889 mil toneladas.

A conclusão é, apesar de ser ainda a maior safra do país, poderia ser no mínimo 9 milhões de toneladas a mais, e isso com certeza fará muita falta como ração para o setor de aves, suínos, ovos, leite, os segmentos que dependem do milho. Hoje a saca de 60 kg de milho está custando cerca de R$ 100. Isto é mais do que 3 vezes o preço de anos anteriores.

Falta milho, graves problemas para os criadores e a inflação. Por outro lado, seria a hora de podermos aproveitar nesta colheita muito mais da demanda dos mercados mundiais, além do abastecimento interno, se tivéssemos um planejamento estratégico para um crescimento ainda acima da previsão anterior de 271 milhões de toneladas de grãos. O Brasil já poderia estar na casa de 300 milhões mas para isso armazenagem, seguro, contratos, insumos, irrigação, diversos fatores precisariam ter sido orquestrados.

E para uma análise dos ouvintes, só de milho os Estados Unidos colhem cerca de 380 milhões de toneladas. Só de milho, com também uma previsão de diminuição de 10 milhões de toneladas do cereal neste ano. Fica claro que podemos, sim, e precisamos dobrar o agro de tamanho no Brasil. 300 milhões de toneladas de grãos no mínimo para 2021/22, e temos 90 milhões de hectares abertos para fazer isso sem derrubar uma árvore sequer, como a ministra Tereza Cristina sempre enfatiza.

Porém, a nova agricultura é uma montadora tecnológica, uma fábrica de alimentos, um design estratégico, e isso não pode ser feito somente com o Ministério da Agricultura, exige um plano de estado de todos os ministérios e uma intercooperação de todas as confederações nacionais empresariais, e associações do agronegócio com as cooperativas, ou seja, cada vez mais precisamos de um planejamento estratégico intensivo e sustentável.

Não fazermos isso representa sofrimento desnecessário para o povo brasileiro e negacionismo da obtenção de valor econômico e riqueza. Precisamos sair da hipnose insensata que nos rouba a razão.

 *José Luiz Tejon - Palestrante internacional, Professor e Autor. É considerado uma das maiores autoridades nas áreas da gestão de vendas, marketing em agronegócio, liderança, motivação e superação humana.

 

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