Safra de cana 2024/25 pode chegar a 615 milhões de toneladas no Centro-Sul - Por Lívea Coda

Safra de cana 2024/25 pode chegar a 615 milhões de toneladas no Centro-Sul

Antes de discutir nossos números mais recentes, é importante falar sobre nossa metodologia. Para melhor estimar o volume de cana, atualizamos nossas expectativas de crescimento de área, produtividade e qualidade da cana, considerando as principais fontes do mercado, como União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica), Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), bem como o clima observado, medições do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) e tendências históricas.

A partir da disponibilidade de cana, obtemos a produção de açúcar. Primeiro, as usinas conseguirão moer? A precipitação pode levar à perda de dias e retardar a moagem. A segunda etapa é entender o problema de otimização das usinas: açúcar ou etanol? O mix de produção é definido dependendo de qual subproduto é mais vantajoso.

Com relação à safra 2023/24, os últimos resultados cumulativos de produtividade informados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) sugerem que a região pode atingir mais de 655 milhões de toneladas de cana e produzir 42,4 milhões de toneladas de açúcar. O índice atingiu 87,5 t/ha, um crescimento impressionante em comparação com os 77,2 t/ha da última temporada. A moagem de toda a disponibilidade – 655 milhões de toneladas – leva a um aumento no volume de ambos os subprodutos: açúcar e etanol.

Os níveis mais baixos de precipitação desempenharam um papel fundamental na produção de açúcar que já atingiu o volume recorde de 42,15 milhões de toneladas, marcando um aumento substancial de 25,6% em relação ao ano anterior e de 10,3% em comparação com a temporada 2020/21 até meados de fevereiro.

Embora haja otimismo de que a região Centro-Sul possa ultrapassar a marca de 650 milhões de toneladas até o final da temporada 2023/24, há preocupações crescentes em relação às perspectivas para 2024/25. A diminuição da precipitação nas principais regiões produtoras de cana sugere que a produtividade poderá sofrer uma correção mais acentuada do que a prevista inicialmente.

A dificuldade em estimar a produção do Centro Sul se baseia no fato de que as chuvas foram bastante irregulares e dispersas por toda a região. Enquanto Ribeirão Preto, responsável por cerca de 14% da produção total de cana do Brasil, recebeu precipitação bem abaixo da média e permanece no limite inferior dos valores históricos, São José do Rio Preto está perto da média, assim como muitas outras microrregiões.

Acreditamos que é prematuro prever uma grande redução na safra, mas a seca de dezembro e janeiro não pode ser ignorada. Como resultado, ajustamos nossas expectativas de cana para baixo, de 620 milhões de toneladas para 615 milhões de toneladas.

É importante observar que ainda há tempo para a cana amadurecer e as usinas têm sobras da temporada 2023/24 para começar. Além disso, a idade média da cana é menor do que nos anos anteriores. Há potencial de alta se as condições climáticas melhorarem nos próximos dias, mas também há a possibilidade de baixa se o clima não cooperar. Em última análise, o mercado é fortemente influenciado pelas condições climáticas.

Apesar de revisarmos nossas expectativas de cana para baixo, uma tendência consistente do mercado, reforçada por observações diárias, levou a um ligeiro aumento em nossas estimativas de produção de açúcar, de 41,8 milhões de toneladas para 41,9 milhões de toneladas. A alta é atribuída a um mix de açúcar mais elevado.

Vale ressaltar que a região Centro-Sul tem mantido consistentemente níveis elevados de mix de açúcar, superando os recordes em 2023/24. Considerando os investimentos registrados na cristalização, não seria surpreendente se a região ultrapassasse a marca de 51% e chegasse a 51,5%. Portanto, apesar de uma modesta redução nas estimativas de cana, o Centro-Sul continua a contribuir para o sentimento de baixa, compensando grande parte da ausência observada no Hemisfério Norte.

 

Por Lívea Coda (coordenadora de inteligência de mercado na hEDGEpoint Global Markets)

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