Os problemas climáticos ao longo da safra 2021/22 prejudicaram a produção de cana-de-açúcar em Minas Gerais. De acordo com o 4º Levantamento da Safra de Cana-de-Açúcar 2021/22, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram produzidas 63,9 milhões de toneladas, volume 9,4% menor.
Com a disponibilidade de cana mais reduzida para a moagem, a produção total de etanol caiu 4,6% e a de açúcar, 12,1%. O Estado concluiu as operações de colheita da safra 2021/22 ao final do ano passado.
Assim como em Minas Gerais, no Brasil a produção ficou menor em 10,6%, somando 585,2 milhões de toneladas de cana.
Segundo a Conab, tanto em Minas como no Brasil, a redução na produção é explicada, principalmente, pelas condições climáticas adversas registradas ao longo do período produtivo, desde a estiagem até as baixas temperaturas registradas em junho e julho de 2021.
“Minas Gerais registrou problemas climáticos assim como todo o Centro-Sul do Brasil. Foram problemas como a estiagem em 2020 e também as baixas temperaturas e geadas no ano passado, o que prejudicou a produtividade”, explicou o gerente de acompanhamento de safra da Conab, Rafael Fogaça.
No Estado, ao todo, o rendimento médio por hectare foi de 75,5 toneladas de cana, uma retração de 8,6% frente as 82,6 toneladas registradas na safra anterior.
A área produtiva de cana-de-açúcar somou 846,5 mil hectares, espaço que ficou apenas 0,9% menor que na safra anterior. Já a produtividade foi impactada pelo clima desfavorável.
“A área colhida de cana teve redução leve, de 0,9%, e essa redução é algo sistêmico em todo o País devido à concorrência com as culturas de grãos. O Brasil é muito competitivo, com produtividade e perfil agrícola muito favoráveis para os grãos, e a cana acaba perdendo área assim como as pastagens”, disse Fogaça.
Segundo os dados da Conab, em relação ao Açúcar Total Recuperável (ATR) médio, o período de baixa precipitação durante a maturação do vegetal foi importante para o maior acúmulo de açúcares e, por consequência, atingir uma média superior a 2020/21, chegando a 146,9 quilos por tonelada de cana, alta de 1,5%.
Subprodutos da cana
Dentre os subprodutos da cana, a produção de açúcar no Estado ficou 12,1% menor, ou 569,7 toneladas a menos, e atingiu 4,1 milhões de toneladas. Ao todo, foram destinadas para a produção do adoçante 29,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, queda de 13,4% se comparada com as 34,1 milhões de toneladas destinadas anteriormente.
Segundo a Conab, além da redução na produção de matéria-prima, a destinação de cana para a fabricação de açúcar diminuiu fruto do mercado mais favorável à produção de etanol, com destaque para o anidro.
A produção de etanol total também ficou menor em 4,6%. Ao todo foram produzidos 2,92 bilhões de litros, ante o volume de 3,07 bilhões na safra anterior. Foram destinados à produção do biocombustível 34,3 milhões de toneladas de cana, 5,6% a menos.
Conforme a Conab, houve maior destinação percentual da cana-de-açúcar para a produção de etanol nesta safra, puxada, principalmente, pelo etanol anidro, em função da maior demanda já que a participação do anidro subiu de 17,4% para 22,6%, sendo o único subproduto da cana que teve maior produção nesta safra, comparado ao ciclo anterior.
Em Minas, foram produzidos 305,4 milhões de litros a mais de etanol anidro, um aumento de 33,5% e somando 1,2 bilhão de litros. Já a produção de etanol hidratado caiu 20,7% e somou 1,7 bilhão de litros.
“A maior produção de anidro foi um movimento visto em todo o País. Houve uma migração mais no final da safra porque o etanol estava mais competitivo para as usinas. Minas apresentou uma das maiores altas na produção do anidro. O combustível é adicionado à gasolina, que teve aumento no consumo em 2021 frente a 2020, quando o isolamento afetou a demanda pelos combustíveis. Foi necessário um maior volume e as usinas corresponderam”, disse o gerente de acompanhamento de safra da Conab.
DIÁRIO DO COMÉRCIO