Safra mineira priorizará fabricação de adoçante

Safra mineira priorizará fabricação de adoçante

A segunda estimativa da safra de cana-de-açúcar 2022/23, divulgada na sexta-feira (19) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que Minas Gerais deve produzir 67,4 milhões de toneladas na temporada, um aumento de 5,2% em relação à safra anterior.

Apesar do incremento, devido ao clima, a quantidade de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada de cana pode cair 2% e, com isso, a produção dos subprodutos ficará praticamente estável. No Estado, a produção de açúcar deve chegar a 4,1 milhões de toneladas, mantendo-se no confronto com a safra passada, e a de etanol, calculada em 2 bilhões de litros, deve cair 0,3%.

De acordo com o estudo da companhia, a área de colheita da cana deverá subir 2%, chegando a 863,4 mil hectares. Também há uma expectativa de recuperação da produtividade em 3,2%, resultado de um clima mais favorável que o ocorrido no último ciclo. O rendimento médio por hectare, no Estado, foi calculado em 78,1 toneladas de cana.

Segundo o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça, em Minas Gerais o ciclo da cana começou de maneira positiva, especialmente no que se refere ao clima.

“No Estado foi registrado um bom volume de chuvas entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022. A partir de março de 2022, as precipitações ficaram menores, porém, isso não impactou o potencial produtivo das lavouras, que estavam na iminência de colheita”.

O menor volume pluviométrico em março favoreceu a maturação e recuperação de açúcares, assim como o avanço das operações de corte.

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De acordo com os dados da Conab, em relação ao Açúcar Total Recuperável (ATR) médio, é esperada queda de 2% frente à safra passada, com 9,21 toneladas por tonelada de cana, ante 9,39 registrada na safra anterior.

“A queda no ATR está relacionada ao clima, com as geadas e chuvas. A queda do ATR afeta a produção dos subprodutos”, explica.

Perfil da safra
Dentre os subprodutos da cana, a produção de açúcar no Estado ficará estável. A estimativa é fabricar 4,14 milhões de toneladas do adoçante. Ao todo, serão destinadas para a produção do adoçante 38,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, alta de 30% se comparada com as 29 milhões de toneladas destinadas anteriormente.

Do volume total de cana a ser esmagada, 57,3% serão destinados à geração do

adoçante e 42,2% para a fabricação de biocombustível.

“O maior volume de cana destinado ao açúcar se deve aos contratos já formados pelas usinas com o mercado, principalmente, com as indústrias alimentícias”, destaca.

Já a produção geral de etanol total foi estimada em 2,8 bilhões de litros, volume que apresenta pequena redução de 0,3% em relação à safra passada. Ao todo, serão 28,4 milhões de toneladas de cana destinadas à fabricação do biocombustível, retração de 17,1%.

A produção de anidro apresenta tendência de alta, 5,8%, chegando a um volume de 1,17 bilhão de litros. Serão destinadas 10,9 milhões de toneladas de cana para a fabricação do anidro, queda de 24,8% frente à safra passada.

“A maior fabricação de etanol anidro, que é adicionado à gasolina, se deve a uma perspectiva de aumento do consumo do combustível”, explica Fogaça.

Quanto ao etanol hidratado, é esperado decréscimo de 4,3% em comparação à safra 2021/22. Ao todo, serão produzidos 1,6 bilhão de litros, ou 73,589 milhões de litros a menos. O volume de cana a ser esmagado para a produção do hidratado está 11,4% menor, somando 17,4 milhões de toneladas.

Produção no Centro-Sul terá menor nível em 11 anos
São Paulo – A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu, na sexta-feira (19), a previsão de moagem de cana e de produção de açúcar do Brasil devido a produtividades e uma área plantada inferiores ao estimado inicialmente, colocando a safra do Centro-Sul do País no menor nível em 11 anos.

A redução de área ocorre enquanto cultivos de grãos vêm ganhando terras antes canavieiras.

As projeções da Conab levam em conta dados de uma safra que já está adiantada em processamento no Centro-Sul, que responde por cerca de 90% da produção do Brasil e já moeu mais da metade da colheita estimada.

A safra do Centro-Sul do Brasil em 2022/23 foi estimada em 514,5 milhões de toneladas, 2% menor ante o ciclo anterior, quando a colheita foi impactada pela pior seca no País em 90 anos. Volume moído abaixo disso só foi visto pela última vez na região em 2011/12 (494,9 milhões de toneladas).

A projeção foi surpreendente, já que a maioria dos analistas independentes ainda vê a produção do Centro-Sul em torno de 545 milhões a 560 milhões de toneladas. A corretora StoneX, por exemplo, projetou 557,5 milhões de toneladas para a região em julho.

Para o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antônio de Padua Rodrigues, a pesquisa da Conab retrata a intenção de produção no momento do levantamento, enquanto uma recuperação da produtividade agrícola e de sacarose foi registrada recentemente.

“Como essa pesquisa deve ter acontecido há mais de 30 dias, não deve refletir esses pontos. Além disso, em algumas regiões houve incidência de chuvas, como está acontecendo agora em agosto, que pode mudar nas projeções”, comentou.

Agora a Conab prevê a produção de açúcar do Brasil em 2022/23 para 33,9 milhões de toneladas, um corte agressivo na comparação com as 40,3 milhões de toneladas na previsão divulgada em abril, que resultará em redução de 3% na comparação com a temporada passada.

Se confirmado, o Brasil ficaria na segunda posição global de açúcar, atrás da Índia.

A fabricação de açúcar no Centro-Sul foi reduzida em 5,7 milhões de toneladas, para 30,7 milhões, abaixo de 32 milhões de 2021/22.

“Devido à redução na produtividade observada nos canaviais, a produção de açúcar ficou comprometida, ao passo que a produção de etanol ficou próxima da estabilidade, quando comparada à intenção das usinas em abril de 2022, no início da safra”, afirmou a companhia estatal em relatório.

 

Diário do Comércio com Reuters