Para Miguel Tranin , é possível ver uma recuperação do setor com as mudanças da política governamental quanto ao preço da gasolina e o RenovaBio
O futuro promete, na avaliação do presidente da Alcopar, Miguel Rubens Tranin, que acredita na superação da crise econômica pelo setor sucroalcooleiro. "O setor vem se recuperando depois de um longo e difícil período de crise financeira provocado pelo congelamento do preço da gasolina por anos e pelo aumento da produção mundial de açúcar, com retração do mercado, que levaram ao fechamento de cerca de 100 indústrias sucroenergéticas no Brasil, sendo 10 no Paraná, e que deixaram muitas unidades em situação delicada em todo o país", disse.
Na sua avaliação, já é possível vislumbrar uma recuperação do setor com as mudanças positivas da política governamental, com o preço da gasolina acompanhando as oscilações de preços do mercado internacional de petróleo e principalmente com o RenovaBio. "Isso nos permitiu ter maior competitividade em relação à gasolina, que resultou na produção e comercialização recorde de etanol em 2019. Contribuiu para isso, também, as elevações no preço internacional do petróleo e a variação cambial, com o dólar mais alto", comentou Tranin.
O presidente da Alcopar aposta no futuro do biocombustível no mercado sustentável. "Vemos recuperação significativa. Sou otimista. O poder de investimento das usinas ainda é baixo porque quando há uma crise, todas as portas de crédito se fecham. Mas, estamos trabalhando com afinco para que essas indústrias possam recuperar sua capacidade de investimento e de renovação dos canaviais, para voltarmos a ser mais produtivos e competitivos".
Para Tranin, o RenovaBio é fundamental neste processo, assim como a grande sacada do momento, que são os carros híbridos flex, utilizando etanol para produzir a energia, e os movidos a célula de combustível a etanol. "Essa questão ambiental vai ser adequada a cada país e aqui o hibrido com base no etanol deve predominar, com emissões muito menores.
Temos um parque industrial baseado em veículos de motor a combustão. Seria necessário um investimento significativo para a substituição. Sem contar que a produção etanol de açúcar e milho é uma grande oportunidade de geração de emprego e renda nos municípios do interior, movimentando a economia local" .
O etanol de milho, aliás, é um mercado que tem se aberto, na opinião do presidente da Alcopar, e que as usinas devem aproveitar. "É interessante agregar valor a produção de etanol de milho com a produção de DDG, fonte proteica extraída do milho usada na alimentado do rebanho bovino, suíno e de frangos, assim como aproveitar o bagaço da cana na geração de energia de forma sustentável e distribuída, o que é um facilitador".
Apesar de terminar mais uma safra com produtividade menor, Tranin acredita que 2020 tende a ser um ano positivo, diante da grande recuperação dos preços do etanol. "A política diferenciada da Petrobras permitiu o aumento da competitividade do etanol e aumento do consumo e da produção, mesmo moendo menos cana", ressaltou.
Crescimento no médio prazo
"Vemos uma tendência forte de crescimento, mas não em nível acelerado, já para a próxima safra, mas numa perspectiva futura. Nos próximos 10 anos, nós entendemos que o setor deve dar uma mudada muito forte na economia do estado do Mato Grosso do Sul. Tem muito espaço para crescer, especialmente em áreas de pastos degradados".
A afirmação é do presidente do Conselho Deliberativo da Biosul - Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, Amauri Pekelman. Ele ressaltou que o setor passou por grandes dificuldades e precisa de novos investimentos para crescer ou otimizar as estruturas das usinas, que não tem operado em plena capacidade.
"Com o RenovaBio, há expectativa de gerar mais recursos e investimentos para ocupar a capacidade ociosa das usinas. O Mato Grosso do Sul produz cerca de 50 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano e pode chegar a 66 milhões com novos investimentos e a otimização das plantas atuais de produção, utilizando cana-de-açúcar e até mesmo milho", disse.
Para Pekelman, a aposta do setor está no RenovaBio e no crescimento do consumo de etanol. "A tendência é o Brasil usar cada vez mais etanol. O processo de substituição das fontes de energia será mais lento aqui porque temos um combustível alternativo ambientalmente correto, o etanol, que já conta com toda estrutura e outras vantagens em relação ao carro elétrico. Mas acredito que o futuro possa ser a célula de combustível", finalizou.
Miguel Tranin é presidente da Alcopar