Sheiks do petróleo prometem R$ 3 bi para usinas de etanol em MS

Sheiks do petróleo prometem R$ 3 bi para usinas de etanol em MS

Investimento está previsto ao longo dos próximos três anos para elevar a produção em Nova Alvorada, Rio Brilhante e Costa Rica

Um dia depois de divulgarem o balanço anual de duas das três usinas das quais são sócios no Estado, os sheiks do petróleo dos Emirados Árabes Unidos anunciaram, por meio de nota enviada ao Correio do Estado nesta quarta-feira (23), que vão investir R$ 3 bilhões nas três unidades no estado ao londo dos próximos três anos.

O dinheiro será destinado à retomada da capacidade máxima da produção das usinas Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul; Eldorado, em Rio Brilhante; e Costa Rica, localizada no município com o mesmo nome, na região nordeste do Estado.

Por conta de dívidas da ordem de R$ 12 bilhões do Grupo Atvos, as três estão em recuperação judicial desde 2019, mas a previsão é de que, com a injeção do dinheiro do fundo de investimentos Mubadala Capital, que tem sede em Abu Dhabi, as pendências sejam resolvidas e as três usinas finalizem os processos de recuperação judicial antes do fim deste ano, conforme previsão feita pela assessoria do Grupo Atvos, que administra outras seis usinas pelo Brasil.

Em janeiro deste ano, o FIP Agroenergia assumiu a participação da Atvos, resultando na compra de 31,5% da empresa e, a partir de agora, implementará as condições acordadas para que a Mubadala Capital possa injetar R$ 500 milhões nas operações da Atvos em quatro estados já nos próximos meses, principalmente nas frentes agrícolas.

Com o dinheiro injetado pelos árabes, além de colocar as contas em dia, a empresa promete elevar o patamar de moagem da companhia para 30 milhões de toneladas de cana-de-açúcar nos próximos anos em todo o país (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo).

Em se confirmando os investimentos de R$ 3 bilhões no Estado, eles prometem aumentar a capacidade de produção de cana em mais de três milhões de toneladas nas três unidades de Mato Grosso do Sul, onde estão empregadas em torno de quatro mil pessoas.

A Santa Luzia, por exemplo, fechou a última safra, com quatro milhões de toneladas, mas tem capacidade para até 5,5 milhões. A Eldorado, por sua vez, processou R$ 3,1 milhões de toneladas, mas seu potencial é para até R$ 4,1 milhões de toneladas. Em Costa Rica, a capacidade é de cerca de 4 milhões de toneladas por ano.

NÚMEROS DO SETOR
Na última safra, conforme dados da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de MS), Mato Grosso do Sul produziu 43,5 milhões de toneladas de cana, o que é 8% a mais que as 40,9 milhões de toneladas do ano anterior e deixou o estado em quarto lugar no ranking nacional do setor.

Para a safra atual, que começou em abril e se estende até março, a estimativa é de crescimento da ordem de 10% e de que alcance 47 milhões de toneladas nas 19 usinas em funcionamento em Mato Grosso do Sul.

A produção de etanol hidratado chegou a 1,6 bilhão de litros na safra passada e a de etanol anidro, 904 milhões de litros, o que representa 21% a mais do que o volume do ciclo anterior. No total, a produção de etanol chegou a 3,2 bilhões de litros, 33% maior que a safra anterior.

As lavouras de cana, que só perdem em tamanho para a soja e o milho, ocupam 860 mil hectares e a perspectiva é de aumento, principalmente por conta da retomada de uma unidade em Anaurilândia e construção de uma nova usina em Paranaíba.

Conforme estimativa do secretário Jaime Verruck, da Semadesc, as usinas geram cerca de 26 mil empregos diretos e são o setor industrial do estado que mais emprega.

Por NERI KASPARY

 

Correio do Estado