Sindag cria índice para medir a inflação da aviação agrícola - Por Castor Becker Júnior

Sindag cria índice para medir a inflação da aviação agrícola - Por Castor Becker Júnior

O Iavag foi elaborado em parceria com o Grupo Rara, considerando dólar, INPC e combustíveis para facilitar a gestão e balizar os contratos de empresas do setor

Com um levantamento de custos do setor desde 2003, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) laçou nesta semana o Índice Nacional de Inflação da Aviação Agrícola (IAVAG). O novo coeficiente tem como objetivo facilitar aos operadores aeroagrícolas o cálculo do preço de seus serviços, dando mais clareza nas negociações de contratos e garantindo a sustentabilidade das empresas. Em última instância, facilitando a gestão e o planejamento. O lançamento ocorreu no final da manhã, com uma live no canal do sindicato aeroagrícola no YouTube.

O índice foi construído a partir da análise de diversos itens que influenciam nas despesas operacionais da aviação agrícola no País. Mas foi consolidado a partir de três fatores básicos: variação do dólar (com pelo de 40%), oscilação do custo de combustíveis (petróleo e etanol, cuja média entre ambos tem peso de 20%) e a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE. As tabelas do Iavag e seus fatores já estão disponíveis no site do Sindag – no menu acessível na janela Aviação Agrícola.

FATORES
Segundo o administrador e doutor em Agronegócio Cristian Foguesatto, foram considerados os fatores que mais afetam o setor, cujos índices foram avaliados no passar do tempo. “Avaliamos desde 2003, que foi até onde se conseguiu dados confiáveis de todos”, completou. Gerente de Projetos do Grupo Rara (parceiro do Sindag na empreitada), Foguesatto contou que, no caso dos combustíveis, a variação do petróleo (gasolina de aviação e querosene de aviação) foi somada à oscilação do etanol e dividida por dois. Isso porque o setor utiliza tanto os combustíveis fósseis quanto o biocombustível.

“Já o INPC mede a inflação sentida pelos consumidores com renda familiar de um até cinco salários-mínimos, o que abrange boa parte dos colaboradores do setor”. Foguesatto lembrou que, embora a equipe tivesse se debruçado ainda sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, também do IBGE), sua oscilação não teve diferença significativa. Por isso ele foi descartado.

“A variação do dólar foi o primeiro índice avaliado. Isso porque vários custos aeroagrícolas – manutenção e as própria aeronaves, por exemplo – estão atrelados à moeda norte-americana”, justificou o consultor. Com tudo isso, a conclusão foi de que, entre janeiro de 2003 e janeiro deste ano, o custo operacional básico da aviação agrícola aumentou 181,35%. Considerando só o primeiro mês deste ano, o Iavag ficou em 3,01%.

GESTÃO
O secretário executivo do Sindag e coordenador do projeto do Iavag, Júnior Oliveira, lembrou que o debate em torno de custos e preços mais adequados ao setor ganhou força especialmente nos últimos dois anos. Nesse período, o sindicato aeroagrícola promoveu seminários de gestão financeira aeroagrícola (em dois módulos) e, no ano passado, iniciou uma pesquisa de preços aeroagrícolas praticados em todos os Estados e culturas atendidas pelos operadores do setor. Segundo ele, o próximo passo será disponibilizar uma calculadora na página do Sindag, para que o internauta possa calcular a variação da inflação de acordo com a data que está negociando.

Conforme o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, a busca de um balizador adequado sobre os custos do setor ganhou importância em tempos de margens reduzidas. Levando em conta também o fato de que muitas empresas não ainda trabalham de forma sofisticada na gestão de seus custos, frente também à necessidade de fôlego para investir em tecnologias. “Muitas vezes os empresários aeroagrícolas acabam aceitando contratos de serviços de preço fixo que parece vantajoso na largada, mas logo perdem valor e fica mais difícil renegociar. O que mais tarde acaba também colocando em risco a própria sobrevida de sua empresa”. Magalhães também palestrou na live de lançamento do Iavag, explicando sobre inflação e seus fatores de influência.

 

*Castor Becker Júnior é jornalista formado pela Unisinos de São Leopoldo (RS), com especialização em Planejamento em Comunicação e Gestão de Crises de Imagem pela PUC/RS. Atuou por 14 anos em jornal diário, exercendo as funções de fotógrafo, repórter e editor assistente. Sócio da empresa C5 News Press, desde 2008 é encarregado da assessoria de imprensa do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). Também assessorou por 12 anos o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), tendo participado de diversos projetos ambientais da entidade e com várias publicações sobre o tema. Também atuou em rádio comunitária e foi diretor de Comunicação da antiga Federação Sul-Riograndense de Bombeiros Voluntários.