Summit Estadão ESG 2021 revela a realidade esperançosa para o Brasil - Por José Luiz Tejon

Summit Estadão ESG 2021 revela a realidade esperançosa para o Brasil - Por José Luiz Tejon

ESG, environment, social, governance são três letras que incluem todo o abecedário que nos leva ao futuro. Na palestra de abertura do Summit ESG Estadão ouvimos o inglês John Elkington, de 71 anos, considerado um dos criadores desse movimento global, que prega agora o capitalismo regenerativo. A síntese de suas palavras é: “a mudança tem de ser do sistema todo”.

Então, ao falarmos de Brasil, cujo complexo de agronegócio, do antes, dentro e pós-porteira das fazendas impacta diretamente 1/3 do PIB e indiretamente outro tanto com sua demanda derivada industrial, comercial e de serviços; caminharemos obrigatoriamente para o meio ambiente, responsabilidade social e com governança para tudo o que significa alimento, bioenergia, fibras e demais derivados dos campos, águas e mares.

Em paralelo recebi de Cléber Soares, secretário adjunto de inovação do Ministério da Agricultura uma inquietante provocação. Ele me mandou a lista das 100 maiores companhias do planeta, e o valor que elas atingem. São gigantescas superpotências. E para dar uma ideia, a mais valiosa delas, a Apple vale 2 trilhões e 51 bilhões de dólares. Quer dizer, é maior do que todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, hoje na casa de 1 trilhão e 400 bilhões de dólares.

Comentávamos que o Valor Bruto da Produção agropecuária brasileira, quer dizer, a soma de toda a agricultura e pecuária do país, para 2021 deve atingir o record de 1 trilhão e 111 bilhões de reais, dividido por um dólar na casa dos R$ 5,00, significa em dólar algo como US$ 223 bilhões, ou seja, a Apple sozinha vale mais do que 9 vezes toda a nossa agropecuária. E no campo fora das big techs, uma Coca Cola vale tanto quanto o Valor Bruto da Produção agropecuária do país.

Dessa provocação incomodante, ao partirmos para um país ESG, um agronegócio total ESG, podemos perguntar então qual seria o valor de uma Amazônia, de um pantanal, dos nossos biomas protegidos, em paralelo a uma agricultura sustentável, com uma agroindústria estimulada, como já sabemos realizar com integração lavoura pecuária e floresta, e o Programa ABC de baixo carbono?

Com certeza alimentos tropicais, segurança planetária, saúde ambiental do solo, das plantas, dos animais e dos seres humanos; olhar o país e o agro brasileiro como ESG representa mudança mental e busca de agregação de valor exponencial. A agricultura e a pecuária para o próximo ano não conseguirão sozinhas sustentar a economia do país.

A crise hídrica, São Pedro, já derrubou o milho em 16%; a cana vem vindo com 7% a menos; a laranja menos 30%; o cafe 22% menos com outros menos 18% do algodão, nos informa José Roberto Mendonca de Barros, no Estadão de domingo (27), Página B4. Os pastos secos diminuirão a produtividade da pecuária de corte e leite e os custos elevados da ração trazem prejuízos para aves, ovos, suínos e o gado confinado.

Mas é exatamente de um cenário onde precisamos de uma retomada sustentável da economia que um agroconsciente pode construir e extrair valor com inovação, tecnologia, sustentabilidade e educação do mais importante elemento para a vida do planeta que sempre foi, mas que agora carrega a devida luz do seu significado para a saúde das pessoas e da terra: ESG.

No Plano Safra os recursos para o Programa ABC dobraram de tamanho. Esse é o nosso destino para valorização do agro. Desmatamento ilegal não interessa ao agro legal e, com certeza, o agronegócio brasileiro não deve funcionar como fachada para as atividades ambientais criminosas ocultar. ESG para o país e para o agronegócio. Um não conseguirá sem o outro. A nação inteira precisa se transformar. Não se trata de otimismo, pois isso é tolo. Nem de pessimismo, pois isso é chato. Fico com o paraibano Ariano Suassuna, sou um realista esperançoso.

O Brasil precisa dobrar o agro de tamanho, e como diz a ministra Tereza Cristina, “podemos fazer sem derrubar uma só árvore”; e a ciência com a agroindústria, comércio e serviços nos acompanhará tendo agora a bioeconomia, as finanças verdes, e o novo capitalismo regenerativo. Entramos na era da conjunção e, não mais do ou. Agronegócio, sustentabilidade, responsabilidade social e governança de valor para todos.

 

*José Luiz Tejon Megido é colunista do Jornal Eldorado, doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da Fecap; membro do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) e do Conselho Científico do Agro Sustentável (CCAS) e sócio-diretor da Biomarketing.

 

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