Supremo Tribunal Federal lavou as mãos - Por Dib Nunes Jr.

Supremo Tribunal Federal lavou as mãos - Por Dib Nunes Jr.

No dia 11 de outubro de 2017, os brasileiros que ainda acreditavam no combate sério à corrupção e na punição dos políticos corruptos, sofreram um duro golpe e a maior das decepções: o STF decidiu que não têm competência para punir parlamentares que estão envolvidos até o pescoço em escabrosos casos de corrupção.
Por seis votos contra cinco, o grupo de juízes chefiado por Gilmar Mendes, o “libertador” e guardião de Michel Temer, derrotou os juízes bem-intencionados que queriam ter o poder de fazer justiça contra políticos corruptos, que o povo brasileiro tanto deseja.

Li hoje nos jornais que destacado integrante da equipe da Lava Jato, o procurador de justiça Deltan Dallagnol declarou o seguinte: ”não surpreende que anos depois da Lava Jato os parlamentares continuem praticando crimes, pois estão sob suprema proteção. Parlamentares tem foro privilegiado, imunidade contra prisão e agora tem uma nova proteção: um escudo contra decisões do STF, dado pelo próprio STF”.

A decisão do colegiado do STF de repassar ao Congresso a palavra final sobre o afastamento de parlamentares de suas funções, foi um verdadeiro tiro mortal na credibilidade desta corte. O voto decisivo coube a ministra presidente Carmen Lucia, que num voto extremamente confuso e após citar que concordava com o competente juiz relator do processo Edson Fachin, ao encerramento de sua longa explanação, mudou repentinamente de posição, preferindo “lavar as mãos” e deixar para o próprio congresso decidir sobre o afastamento dos parlamentares acusados de corrupção e outros crimes. Certamente prestou um grande desserviço à nação. Isso foi o mesmo que entregar “linguiça para o cachorro tomar conta” que implica que dificilmente algum político corrupto será punido pelo nosso comprometido parlamento com a perda de seu mandato, nem mesmo deverá “ficar de castigo” `a noite em casa.

Para que servem as delações e gravações, se os mesmos juízes que votaram a favor da medida que favorece os corruptos, fazem de tudo para desconstruí-las, dizem que faltam provas, que são levianas e são fabricadas pelos delatores para se safarem da cadeia. Um absurdo só possível no Brasil. Nenhuma delação é totalmente falsa, pode ser incompleta, mas falsa não. Os delatores foram descobertos, confessaram os crimes e o pior, vivenciaram os fatos.

Assim o sr. Aécio Neves será logo reintegrado ao senado e em muito breve, esperem só para ver, o Eduardo Cunha vai pedir a anulação de atos judiciais do STF, que o levaram à perda do mandato e à cadeia. Aliás, todas as acusações contra políticos que estão à espera (longa espera por sinal) de julgamento, correm risco de não dar em nada ou dar em penas muito brandas. O STF que já era um foro preferido pelos políticos que arrasaram o país, agora, então, virou a grande tábua de salvação.

Nosso sistema político está falido, nossas leis são confusas. Tudo isso torna a nossa democracia frágil e por isso corre sérios riscos. O país vive num clima de extrema instabilidade política, com um presidente que tem 96% de desaprovação. A população descrente e desinformada, ameaça votar em radicais demagogos que prometem mundos e fundos para acabar com a corrupção que tirou do Brasil toda a credibilidade e nos mergulhou na maior recessão e onda de desemprego da nossa história.

Vamos ver no que vai dar o julgamento de Lula pelo TRF-4. Não é nada difícil esse cidadão se safar e conseguir se candidatar depois de tudo que fez por nós brasileiros. Já viu, né? A pergunta que fica é só uma: até quando vamos aguentar?