UISA oferece ‘raio-X’ de açúcar que produz ao consumidor

UISA oferece ‘raio-X’ de açúcar que produz ao consumidor

A partir de agora, uma câmera de celular dará ao consumidor informações sobre todo o processo de produção do açúcar Itamarati. A sucroalcooleira UISA, que tem uma usina em Nova Olímpia (MT) e é dona da marca, incorporou a tecnologia blockchain para tornar disponível aos consumidores, por meio de um QR Code nas embalagens do produto, uma variedade de informações sobre produção, qualidade e práticas sustentáveis da companhia. A ferramenta foi desenvolvida em parceria com o Google Cloud e a IT Lean, consultoria especializada em tecnologia.

Com o blockchain, é possível rastrear todos os dados de uma linha de produção e armazená-los em uma única base de dados, alimentada em tempo real. No caso do açúcar da UISA, recursos de geolocalização darão aos consumidores acesso a informações sobre o uso da terra antes do cultivo da cana e sobre a colheita, entre outras.

Também será possível conhecer dados sobre o controle de qualidade e as certificações ambientais da companhia. Atualmente, a UISA conta com o selo Bonsucro e é certificada para exportar etanol à Califórnia dentro do programa de combustíveis de baixo carbono (LCFS, na sigla em inglês) do Estado americano.

A medida é vista como uma forma de atrair consumidores cada vez mais preocupados com a origem dos alimentos e seus impactos ambientais. "Queremos ser mais transparentes na relação com nossos consumidores e com a sociedade. A postura sustentável é cada vez mais valorizada por todos. Acreditamos que, com esse diferencial, vamos atrair novos consumidores para o açúcar Itamarati", disse José Fernando Mazuca Filho, CEO da UISA, ao Valor. Segundo ele, o recurso não fará o açúcar ser vendido a um preço maior em relação a outros que não possuem a ferramenta.

A companhia também prevê oferecer aos consumidores, via blockchain, informações sobre questões trabalhistas. Segundo Mazuca, a disponibilização dessas informações é viável na UISA porque a empresa desenvolveu recentemente uma ferramenta que automatizou o controle de horas de todos os trabalhadores, tanto da indústria quanto da área agrícola.

Inicialmente, a tecnologia estará disponível nas embalagens do Açúcar Demerara Itamarati, mas a companhia pretende expandir a ferramenta para os demais produtos do seu portfólio. Baseada no Centro-Oeste, a UISA vende açúcar demerara, cristal, refinado e triturado, com a marca Itamarati, e açúcar para a indústria. Os principais mercados são a região Norte do Brasil e países vizinhos, como Peru, Bolívia e Venezuela. O mercado interno representa cerca de 90% do faturamento da companhia com as vendas de açúcar.

O projeto também prevê que o blockchain seja utilizado nas vendas de açúcar bruto para o mercado externo. "Vamos disponibilizar as informações via web, permitindo o acesso em qualquer lugar do mundo, desde que a pessoa tenha um produto ou imagem do produto que contenha o lote e QR Code", explicou o executivo. Em uma outra etapa, a UISA também deverá usar o blockchain no comércio de etanol.

A utilização de blockchain no setor sucroalcooleiro ainda é uma novidade. Há dois anos, a Embrapa começou a desenvolver uma tecnologia para rastrear a origem da cana, em parceria com a Usina Granelli, de Charqueada (SP), e a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) e apoio da SafeTrace, da área de rastreabilidade de alimentos. O objetivo era apoiar a certificação de usinas ao RenovaBio.


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