Controle de Pragas na cana-de-açúcar: Gasto ou Investimento?

Tempo de leitura: 6 minutos

A cana-de-açúcar foi conhecida, por muito tempo, como uma cultura que utilizava baixos níveis de defensivos, porém, essencialmente nos últimos anos, mudanças da dinâmica populacional de pragas na cana-de-açúcar, assim como a alteração comportamental das mesmas, vem ligando o alerta de gestores de usinas e produtores rurais em todo o Brasil.

Alguns são os fatores que contribuíram com essas ocorrências, tais como a proibição das queimadas, o aumento da palha deixada pela colheita mecanizada e as alterações climáticas.

Diante desses fatores, o controle de pragas na cana-de-açúcar vem se tornando uma atividade cada dia mais imprescindível e que deve ser realizada de forma periódica e eficaz.

Mas, ainda assim, para muitas pessoas, o controle de pragas na cana-de-açúcar é visto como um gasto, enquanto outras afirmam ser um investimento em prol da maior produtividade. Quem está certo?

Convido você a ler a discussão a seguir e tirar suas próprias conclusões.

Nenhuma usina ou produtor quer elevar seus custos com pragas na cana-de-açúcar

Como já citado, o fim das queimadas, o aumento da palhada devido à colheita mecanizada, e as alterações climáticas, são fatores que atualmente explicam a necessidade do controle de pragas em canaviais.

Essas ações equacionaram a questão econômica da atividade, proporcionando também inúmeros benefícios agronômicos e ambientais. Em contrapartida modificaram, dentre outros aspectos, o perfil de pragas nas culturas, aumentando a dinâmica populacional de muitas delas.

Mas você sabe qual é o risco que uma praga pode causar à lavoura da cana-de-açúcar?

Podemos adiantar que, independente da praga, esse risco é bastante elevado e tem relação direta com as perdas em produtividade. No mundo, existem cerca de 1 milhão de insetos, desses, 1.300 espécies adaptadas à cultura da cana-de-açúcar, das quais 500 estão nas Américas, e 30 espécies são catalogadas em cana no Brasil, provando, mais uma vez a importância do controle.

No Brasil, as principais pragas da cana-de-açúcar e suas respectivas perdas são:

  • Broca-da-cana, do gênero Diatraea – com apenas 1% de infestação, a perda pode ser de até 35 quilos de açúcar e 30 litros de álcool por hectare;
  • Cigarrinha-das-raízes e das folhas, do gênero Mahanarva – podem provocar reduções de produtividade que variam de 25% a 60% na cana-soca, e 11% na cana planta;
  • Bicudo-da-cana, do gênero Sphenophorus – em valores médios, as perdas ficam ao redor de 20 a 23 toneladas por ano a cada hectare cultivado;
  • Cupins – podem reduzir em até 10 t de cana/ha/ano, além de ocasionarem redução da longevidade do canavial;
  • Broca-gigante, do gênero Telchin – ocorre, sobretudo, na região Nordeste, podendo acarretar prejuízos de 20% a 60% da produção;
  • Broca-dos-rizomas, do gênero Migdolus – As perdas provocadas podem variar de 25 a 30 toneladas de cana por hectare até, na maioria dos casos, a completa destruição da lavoura, resultando na reforma antecipada mesmo de canaviais de primeiro corte;
  • Nematoides – as perdas causadas por nematoides são variadas, mas, em média, podem influenciar a produtividade em até 50%;
  • Formigas cortadeiras, do gênero Atta (Saúvas) – são responsáveis por perdas médias na produtividade que variam de 1,6 a 3,2 toneladas de cana por ninho, a cada ciclo; e
  • Lagarta-elasmo – na cana-de-açúcar essa praga pode ser responsável por uma perda de 25% na produtividade.

Baseado nestas perdas, o risco direto por pragas na cana-de-açúcar deve representar uma preocupação constante dentro do setor, onde o controle ganha máxima importância, onde usinas e produtores devem pensar nessa etapa como parte importante de todo o investimento realizado na atividade.

Por que o controle de pragas na cana é um investimento?

Mostramos anteriormente que o controle de pragas na cana-de-açúcar representa, atualmente, parte de todo o investimento. Mas como justificá-lo ao seu gestor?

Para explicar usemos o exemplo de uma fábrica de calçados.

Esta fábrica lida diariamente com muitas substâncias inflamáveis (colas e couro, por exemplo). Por isso, tomar todas as precauções para evitar acidentes, como incêndios, é extremamente necessário.

Porém, por mais cuidadosa que a fábrica seja, um curto-circuito ainda pode causar um incêndio, com todos os materiais em estoque e os equipamentos virando cinzas em poucas horas.

O prejuízo será irreparável à fábrica, certo?

Certamente haverá um prejuízo, mas ele pode ser reduzido se a fábrica de calçados tiver seguro contra sinistros do tipo!

Essa preocupação mostra que a fábrica de calçados pode passar a vida inteira sem a necessidade de acionar o seguro. Mas o simples fato de desembolsar uma pequena quantia todo ano (um investimento) trará uma garantia a mais, que será mais vantajosa do que ter que pagar uma eventual reconstrução total da fábrica.

O controle de pragas na cana-de-açúcar segue uma lógica parecida.

O produtor pode realizar todo o investimento no preparo da área, escolher a melhor variedade da cana e fazer a correta aplicação de fertilizantes, mas se não existir um eficaz controle de pragas na cana-de-açúcar, todo o dinheiro investido pode ser, literalmente, um suculento alimento para brocas-da-cana, cigarrinhas-das-raizes, sphenophorus levis, nematoides, entre outras pragas.

Por isso, a ideia que o produtor ou a usina devem ter em mente é a de sempre prevenir a infestação de pragas em vez de remediá-la.

Combate tardio de pragas. Esses sim podem representar um gasto!

Como visto, um controle bem planejado de pragas na cana-de-açúcar representa parte importante do investimento na garantia de maiores produtividades. Mas, há ocasiões onde o controle das pragas é, por diversas razões, realizado de forma tardia, indevida ou mal planejada.

Nesses casos, as pragas podem tomar conta de parte da plantação e o produtor, ao invés de controlar, será obrigado a combate-las de forma mais urgente e agressiva. Tal urgência pode demandar muitos gastos, que não estavam inseridos no balanço financeiro.

Mas esses gastos devem representam uma medida apenas paliativa. Para ser um investimento o produtor deve pensar sempre para frente. Ele deve se planejar, adotar mão de obra especializada, adotar a tecnologia, pensar em uma boa logística e investir certo.

Vale lembrar também da importância do monitoramento de pragas na cana-de-açúcar. Será essa medida que irá contribuir na tomada de decisão de qual o melhor método de controle a ser adotado.

Nesse sentido, o controle químico e o controle biológico de pragas são as melhores opções. Ambos demandam um alto investimento e apresentam boa eficiência quando bem planejados.

Quer fazer o investimento correto para controlar as pragas da sua lavoura de cana-de-açúcar? Então não perca o 16º INSECTSHOW, nos dias 15 e 16 de julho, em Ribeirão Preto. 

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