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Quem nasceu até a década de 1990 deve se lembrar do filme de ficção científica GATTACA, que se passa no futuro e trata da história de dois irmãos: um concebido de maneira natural e outro da forma que habitual na época: a concepção artificial utilizando-se da melhor combinação de genes possível, selecionada a partir do código genético dos pais.
A história é muito bem desenvolvida e, na naquele ano (1997), foi eleito o filme de ficção científica mais próximo da realidade pela NASA.
Talvez a NASA já estivesse de olho no que vinha por aí, especialmente porque o assunto hereditariedade vem instigando cientistas desde antes de Darwin.
Mas o que isso tem a ver com a agricultura mesmo?
No filme procura-se um aperfeiçoamento da espécie humana, erradicando o máximo de doenças e imperfeições possíveis, isso é exatamente o que procura-se fazer com a tecnologia de edição genômica CRISPR.
Essa tecnologia funciona como uma tesoura molecular, ou seja, é uma ferramenta que corta o DNA e possibilita a alteração do código genético, seja ele utilizado em humanos, animais ou plantas.
É aí que nossa atenção deve entrar. O Crispr tem se mostrado benéfico no melhoramento genético de plantas e alimentos, produzindo variedades resistentes a pragas, doenças e tolerância a herbicidas.
Parece história de laboratório? Pois não é.
Além do USDA, o departamento de segurança alimentar dos Estados Unidos, ter afirmado recentemente que alimentos modificados com essa técnica serem saudáveis, o Japão anunciou que já vai começar a comercializar alimentos produzidos com edição genômica.
O mais interessante na decisão tomada pelos japoneses, entretanto, não é a comercialização em si, mas a regulamentação. A agência de defesa do consumidor japonesa (CAA – Customer Affairs Agency) anunciou que os alimentos fabricados com a tecnologia de edição do genoma não exigem inspeções de segurança, ao contrário dos alimentos geneticamente modificados, que precisam passar por testes de toxidade e carcinogenicidade.
O Japão não é estranho aos alimentos geneticamente modificados. Esses já seguem um conjunto de regulamentos de rotulagem e testes de segurança. Nisso incluímos alimentos feitos usando a tecnologia de DNA recombinante, que é a combinação de informações genéticas de diferentes espécies.
Para esses casos, a Norma de Regulagem de Alimentos do Japão requer que alimentos que são feitos com essa tecnologia tenham a declaração “geneticamente modificados” em suas embalagens. Isso vale até para os alimentos processados que têm em seu principal ingrediente algum alimento produzido com a tecnologia de DNA recombinante, como soja, milho, batata, sementes de algodão, alfafa e mamão.
Porém, quando trata-se de alimentos produzidos com edição genômica, o quadro muda. Pelo fato da tecnologia Crispr permitir cortar e unir o DNA para editar genes específicos, ela é mais eficiente e conta com edições mínimas. Isso acarreta em uma legislação mais simplificada e rápida, além de acelerar drasticamente o tempo de desenvolvimento das culturas.
Por estes motivos, o Japão espera já comercializar produtos feitos com edição genômica ainda este ano, apesar de não existir nenhuma regulagem em relação à embalagem e a testes de segurança alimentar.
Isso mostra que o Crispr está realmente saindo da caixinha “futuro” e entrando na caixinha “presente” e é exatamente por esse motivo que você precisa ficar de olho nessa tecnologia e saber como ela pode impactar o seu mercado e a sua produção.
Buscar informações sobre novas tecnologias deve ser uma constante para o profissional do agronegócio.
Hoje em dia, são tantas inovações, e a tecnologia tem evoluído com tanta velocidade, que criamos um pequeno dicionário de novas tecnologias e suas aplicações no agronegócio. Você pode baixá-lo gratuitamente clicando aqui.
Eventos específicos e técnicos são, normalmente, um excelente canal para isso. Não apenas ouvimos o que outros produtores têm feito de diferente, como também conhecemos as evoluções das pesquisas de grandes empresas.
O próprio Crispr, por exemplo, foi abordado em dois eventos do Grupo IDEA em 2019, e a tendência é acompanhar a utilização dessa tecnologia na cana-de-açúcar nos próximos anos.
Por isso, em 2020, inclua a atualização profissional em sua agenda. O aprendizado constante (chamado lifelong learning) é essencial para sobreviver a essa mundo em novo em rápida transformação.
Anote na agenda a data dos principais eventos do setor sucroenergético e participe!