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O presidente do Grupo IDEA, Dib Nunes, falou sobre as sobre perspectivas para o setor sucroenergético em 2020 em uma entrevista à CBN, realizada durante o 18º Seminário de Produtividade e Redução de Custos, que aconteceu na semana passada (dia 20 de novembro), em Ribeirão Preto.
Dib Nunes, além de engenheiro agrônomo, é diretor e presidente do Grupo IDEA há mais de 20 anos, respondendo pela consultoria agronômica para produção de cana e assumindo o comando dos eventos que o Grupo realiza durante o ano, também direcionados ao setor sucroenergético.
Confira a seguir, a entrevista completa.
O senhor vai apresentar uma palestra com o tema “Onde atacar para reduzir custos de produção de cana-de-açúcar”. Hoje muito busca-se diminuir os custos de produção para tornar as atividades cada vez mais rentáveis. Como o senhor está se mexendo para que isso, de fato, se viabilize?
Nós, do setor canavieiro, temos um grande desafio pela frente. Temos que aumentar nossa produtividade para que reduzirmos nossos custos. A produtividade sofreu muito nos últimos anos, por políticas governamentais, problemas de clima e preços. Mas estamos nos recuperando, nós temos muita tecnologia. O melhor caminho hoje para o que está acontecendo nas usinas e com os produtores é justamente esse, aplicação de tecnologias e renovação de canaviais, porque estamos percebendo que, com o ganho de produtividade os custos estão caindo. Existem outros fatores, como gestão qualificada, mas nada melhor do que ganho de produtividade para a redução de custos de produção.
Quando o senhor fala de tecnologia, qual tipo, hoje, é empregada para se chegar ao resultado esperado?
Muito bem! Há várias novas tecnologia sendo lançadas, a principal delas é o surgimento de variedades mais produtivas e mais ricas, extremamente adaptáveis a diversas regiões. Temos também práticas com utilização de hormônios, estimulantes de crescimento, adubos foliares. Passamos a usar fungicidas contra doenças foliares, algo que não era feito, até então. Hoje existem uma concentração na melhor época do plantio. Além disso, surgiram novos equipamentos que estão incorporando a palha ao solo, levando mais fertilidade, devolvendo a vida ao solo. Além de uma série de outros fatores, como combate as pragas, combate ao mato, que é fundamental. Toda essa nova tecnologia que está surgindo e a qualidade dos serviços que está melhorando, nós estamos percebendo ganhos extraordinários para os produtores.
Além do setor sucroenergético, de uma maneira geral, isso acaba impactando toda a sociedade?
Sem dúvida nenhuma. É uma boa pergunta, pois o setor canavieiro, quando ele é crescente e está em grande desenvolvimento, nós encontramos cidades que melhoram o comércio e o nível de renda das pessoas, porque aumenta também a qualidade dos empregos. A expansão leva ao desenvolvimento, todos sabem disso. O país está passando por uma nova onda de crescimento, a qual o setor canavieiro vai acompanhar. Então, nós temos essa luta que o setor vai crescer juntamente ao Brasil.
Quais políticas poderiam melhorar para estimular ainda mais esse setor?
Olha, está tendo uma manifestação dos Ministérios da Agricultura, algo muito interessante que demonstra o apoio total ao agronegócio. Atualmente nós fazemos parte do agronegócio com mais de U$100 bilhões de dólares de faturamento bruto. É uma área muito significativa, que ficou abandonada por muito tempo, então temos boas políticas de meio ambientem, acabou a perseguição aos produtores de cana, hoje nós colhemos 90% da queima, fazemos investimentos enormes em meio ambiente e políticas sociais. O governo está nos dando partida, demonstrando muita confiança, a ministra está fazendo um trabalho excelente, e estamos muito satisfeitos com o apoio recebido de todos os setores do governo. Estamos lançando sem a ajuda do governo, mas com apoio da ANP, o Renovabio, que deve injetar alguns milhões no setor a partir de 2020. Tem muita coisa boa acontecendo, além da recuperação de preços que já estamos vendo para o etanol e o açúcar.
O Renovabio é, talvez, uma grande esperança para a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Isso acaba, também, trazendo reflexos para os consumidores que optam pelo etanol ao invés da gasolina?
Bom, vai ser um setor auto regulável, não vamos depender do incentivo de ninguém. É uma política muito bem formulada, é uma estratégia de estimulo a produção. A venda dos CBios, os certificados de sequestro de carbono, para dizer assim, vão trazer um estímulo extraordinário. Todo distribuidor de combustível faz parte dessa cadeia produtiva, e vão ser obrigados a adquirir os CBios, que serão revertidos para as empresas, ou seja, quanto mais eficiente a empresa mais CBios ela vai ter para vender. Para ter uma ideia, um Cbio, hoje, está estimado em um valor entre U$15 e U$20 dólares, e a cada 700 ou 800 litros de etanol, dá o direito a cada usina de emitir um certificado. Certamente nós vamos ter um novo mercado, totalmente independente de políticas governamentais. Mas é sempre importante quando temos ministros e políticos que nos ajudam, principalmente na equalização de dividas, na análise do setor para o exterior, feito através de embaixadas. Nós temos uma demanda de etanol crescente, então nosso setor terá que ampliar enormemente sua atividade entre 2020 e 2030, estimando chegar a 47 bilhões de litros durante esse período.
A CBN também entrevistou Francisco Oscar Louro Fernandes, sócio da consultoria SUCROTEC, que falou sobre os custos de produção da cana, açúcar e etanol.
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